terça-feira, 30 de junho de 2009

O passarinho verde

Quem vê passarinho verde fica serelepe, dizia minha vó. Na semana passada eu fiquei tomado de uma felicidade simples quando vi um bando de papagaios ferreando numa árvore e comendo uma frutinha, que descascavam com o bico. A farra aconteceu bem ao lado da minha sala, numa árvore aqui da subprefeitura de Itaquera.

Nunca havia visto esses bichos em Sampa, muito menos em bando. Na sexta mais de 25 disputavam as frutinhas, ontem eram só uma meia dúzia. Tem nego que ainda acha que é maritaca. Dizem que eles voam do Parque do Carmo ao Ibirapuera nessa época do ano. Já foram 2 dias de desfile.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Apenas o começo

Tem um filme que já tá quase saindo de cartaz aqui em Sampa mas que vale ser comentado. É Apenas o Fim, de Matheus Souza. Filmada em uma única locação (a magnífica área verde da PUC do Rio), a produção é baseada no diálogo e é ele quem consegue enraizar um conflito de um jovem casal que decide se separar.

As trocas, os questionamentos, as referências à ícones dos anos 90 são preciosidades charmosamente incluídas num roteiro competente, que mostra que esse estudante da PUC (e a equipe que deu uma mão pra ele de graça) tem muito futuro em suas próximas empreitadas. Há tempos uma produção de 8 mil reais não encanta assim. E fora a Erika Mader, sobrinha da Malu, que traz uma pegada cocotinha do Leblon irresistível a mais esse bom filme nacional.

Aquela dança

Um amigo estava conversando com uma estonteante colega de trabalho, que um tempo antes o havia chamado para experimentar pilates.

- Poxa, eu acho que essa semana vou lá fazer aquela aula de pilates com você pra ver como é.
- Ah, eu dei um tempo no pilates.
- Sério, por que?
- Ah, to meio desencanada.
- Não tá fazendo mais esporte nenhum.
- Tô fazendo sim. Sabe pole dance?
- Que que é isso?
- Aquela dança daquela novela.
- É dança indiana?
- Não, aquela que você dá voltas e sobe e desce num cano de ferro.
- Ah, claro...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Disque sexo?

Hoje pela manhã atendo o telefone e do outro lado uma voz meio cavernosa, típica dos travecos lá da Indianópolis, começou um papo que parecia trote:
- Comunicação.
- Oi amor, que sorte que você deu, ganhou um disque sexo grátis.
- Haha, como assim?
- Hummm delícia, vamo fazer gostoso.
- Acho que foi engano.
- Foi nada, a Izilda (secretária) ta aí?
- Hahah, não só chega de tarde.
- Tarde que horas
- Lá pro meio dia, uma hora.
- É muito tarde pra mim, fala pra ela que Soares ligou.
- O Soares ou a Soares?
- ...
Tututu.

A figa do bigode

Como é rabudo esse Sarney. No auge do escândalo o fantasminha empacota lá em Los Angeles e, sem imaginar, salva a pele do dono do Maranhão, pelo menos por alguns dias. E quem perde é a gripe suína, tadinha. Ela, que já teve sua divulgação abalada pela queda do voo da Air France, tomou mais um baque ontem à noite.

A manchete

Diário de S.Paulo, 26/06/2009:
Michael Jackson deixa dívida de R$ 400 milhões

Gargalhei diante da banca de jornal. O que será que o editor quis dizer com essa manchete?
A - Se até o rei do pop morreu falido, cuidado com suas prestações das Casas Bahia.
B - O que um homem deve é mais importante do que o que ele construiu.
C - Viu? Se você não planejar seus gastos e saldar suas dívidas, vai deixar os filhos fudidos.
D - Os filhos do rei já já vão entender o que significa o termo "príncipe falido".
E - Que todo mundo já sabe que ele morreu e que tinha que dar alguma notícia que ninguém tivesse dado.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Concurso de miss, Mortara?

Em agosto vai acontecer o concurso Miss Ferraz de Vasconcelos, município da grande São Paulo, organizado por um jornal local. Eu, todo pimpão, queria realizar o "sonho" de ser jurado de concurso de miss um dia nessa vida pra poder contar pros meus netos e dei uma assuntada (assim como quem num quer nada) com a dona do jornal numa reunião hoje. Mas o máximo que eu consegui foi um convite pra dançar valsa. Quem conhece meus dotes como dançarino já sabe que naquele momento o evento subiu mil pontos no quesito "risco fiasco".

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Saudade maravilhosa

Final de semana da Red Bull Air Race. Diretamente de um HD esquecido. Abril 2007.
Outra igual até pode ter. Mais bonita, impossível.







Pérola do dia

"Ela soltou aos quatros ventos que eu não trabalho direito"
Samuel, o faz tudo da Subprefeitura de Itaquera

terça-feira, 23 de junho de 2009

Indignação, e daí?

Uma leve sensação desenfreada de indignação.
Pelo Senado, pelo Sarney, pelo Khamenei, pelo Lula sem noção, pelo Tuma sem noção, pelo Gabeira vacilão, pelas filas nos hospitais, pela super lotação na Sé às 7 da matina.
E eu faço o quê de fato pra melhorar isso tudo?

Um email

Curioso que às vezes um simples email com notícias de uma pessoa querida é o suficiente para fazer esquecer que seu dia tá uma merda. Ainda mais se a pessoa merece tudo de melhor que a vida pode dar. E se a vida tá trazendo coisas boas pros amigos, não tem porque se queixar dela.

Não é só bunda que a gente exporta

Brasileiros são presos na Espanha acusados de sequestros-relâmpago
Suspeitos fariam parte de quadrilha que assaltava bancos nos arredores de Barcelona.


É o know how tupiniquim invadindo las ramblas! Uepa!

Saldo da reunião: tudo certo e nada resolvido

I love unproductive meetings. Cheers to the universal word: blablabla.

Macumba ao contrário

Galinha preta morta na esquina de casa eu já tinha visto. Agora, pomba branca vivinha da silva na mesma esquina foi a primeira vez. Manhã estranha essa hoje.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Tem, mas acabou

Anatel determina suspensão de comercialização do Speedy
Telefônica pode receber multa de R$ 1 mil para cada novo acesso. Empresa também terá de apresentar plano para garantir disponibilidade.

Nossa, que notícia boa! A Telefônica vai ter que parar de enganar, nem que seja por pouco tempo, o consumidor.

Sono é

Estar a poucos metros do trabalho e descobrir que você calçou tênis e não sapato para ir pra labuta.

domingo, 21 de junho de 2009

Eu tenho uma amiga que...

Eu tenho uma amiga que participa de um blog anônimo com outras meninas onde contam peripécias e aventuras da vida real. Nada ali é (ou não deveria ser) farsa. O anonimato visa apenas proteger reputações imagens bem lapidadas durante anos. Por sinal, andei pensando que essa minha amiga, mesmo sendo da balada roquenroll total, daquelas que já viu de tudo, é uma das mulheres mais íntegras que eu conheço. E tenho certeza que (se ela quiser, claro) vai ser uma das melhores e mais bacanas mães e esposas do mundo. Isso porque é uma guria que sabe aproveitar a vida e entender que o tempo de fazer bagunça é agora. Mulher de verdade.
Só pra dar um gostinho, separei a pérola abaixo. Recomendo demais esse blog.

Eu tenho uma amiga que, numa conversa pelo telefone, começou o seguinte discurso:

- Oi amigaaaaaaaaaaaaaaas, onde vocês tão?

- A gente tá chegando no bar… cadê você?

- Eu toíno!

-Tavíno? Tipo soletranuuuuuuuuuuuuuuu com Luciano Huck?

- Exato

- Entaõ tá! Soletre PIROCA. 1, 2, 3, valenuuuuuuuuuuuuuuu:

- P de puta

- I de idiota

- R de rampeira

- O de órifício (sotaque baiano)

- C de caralho

- e o A???? (as amigas do carro já todas no viva voz)

- A de AMOR!

hahahahahahahahahhahahaha

Porque apesar de tudo, não abandonamos o romantismo feminino.

Ciocolatto

Ganhar da Itália só não é melhor que ganhar da França e da Argentina. Mas ver a turminha que mais consome cosmético no mundo da bola se curvar ao nosso futebol, que mesmo com Dunga consegue ser moleque e carismático, dá um gostinho especial. Pra comemorar, uma irreverente pizza com a famiglia toda.

Brazilian California

Os moradores de Ribeirão Preto a chamam de "Califórnia Brasileira", procurando se apropriar da imagem de região rica, do glamour de Hollywood, da beleza das praias (donde?) e da pegada liberal da população (desde quando fazendeiro é liberal?). Mas num quesito eles já estão bem na frente: ácool a R$ 0,85. Isso mesmo, um litro de álcool por 85 centavos. A cidade fica no meio de um mar de cana. Desse jeito as próximas Ferraris da cidade vão ter que vir flex da fábrica, em Maranello.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Vasco, Flamengo e um presidente ignorante

Caso você não tenha visto, no começo da semana nosso molusco mandou essa:

"Veja, o presidente (iraniano Mahmoud Ahmadinejad) teve uma votaçao de 61, 62%. É uma votação muito grande para a gente imaginar que possa ter havido fraude", disse Lula em entrevista coletiva.

"Eu não conheço ninguém, a não ser a oposição, que tenha discordado da eleição do Irã. Não tem número, não tem prova. Por enquanto, é apenas, sabe, uma coisa entre flamenguistas e vascaínos", afirmou o presidente.

Confrontos armados no país inteiro, situação de quase guerra civil, imagens de muita gente ferida, pouquíssima imprensa internacional no local, etc. Parece até que se trata de um Estado reconhecidamente livre e democrático. O Lula é a mureta em pessoa, devia fazer anúncio pra Odebrecht depois que sair de Brasília.

Agora me diz que tipo de cachaça nova é essa que também faz escurecer o bom senso?

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Apertem os cintos...

Piloto morre durante voo rumo aos EUA
Voo 61 da Continental Airlines vinha de Bruxelas, na Bélgica.Dois co-pilotos vão fazer pouso de emergência em Newark.


Aposto que por mais que tenha pensado o co-piloto não teve a manha de pegar o rádio e dizer: "Senhores passageiros o comandante acaba de falecer e a partir desse momento nós, este co-piloto que vos fala e o co-co-piloto que me auxilia, estamos começando a rezar, assim como vocês. Desejo boa sorte a todos nós e um excelente resto de vôo."

Seleção à la carte

Te falar que ter uma tevê de frente pra própria mesa durante um jogo da seleção e ninguém por perto pra amolar é um dos maiores privilégios que um empregador pode dar ao seu funcionário. Muito obrigado, Seu Gilberto.

Nós, os imbecis

Tem um velho bigodudo lá do Maranhão que me faz ter vergonha de ter nascido brasileiro. O discurso de anteontem foi qualquer coisa de vergonhoso. Ele tá tirando você e eu de trouxa, de palhaço, de ignorante. Bota culpa na galera, na instituição, como se não fosse ele quem está ali há mais de 50 anos, mandando no Brasil antes mesmo de Brasília existir.
E o povo faz o que? E eu faço o que? Um post num blog pra tentar convencer os meus 3 leitores a se indignarem?

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Um recado pro Irã?

Olha o multi man aí.
Seria uma mensagem subliminar pro Ahmadinejad?

Como pode?

Nego não pode não ter bebido pra conseguir essa façanha.
Do G1.

A pearl

É verdade, nego tem coragem de colocar isso em site de letra.
Por isso que o que se faz na noite não devia sair de lá, né não?

Letra aqui.
Entrevista foda do homem aqui na Trip.

Artista: Mr Catra.
Música: Capô de Fusca

Amor auto motivo
Toda peça se encaixa
Mexo no capô da fusqueta
Enquanto você passa a marcha

Gatinha

Gatinha
Assim você me assusta (hahaha)
Com o seu capô de fusca (que delicia)

Gatinha
Assim você me assusta (que delícia)
Com o seu capo de fusca (hahaha)

Gatinha
Assim você me assusta (hahaha)
[que delícia] (hahaha)
Com o seu capô de fusca
(hahaha) [que delicia] (hahaha)
Com, com o seu capô de fusca

Eu me assustei
Mas estava preparado
Parecia um bolo
Aquele negocio inchado

Movimento pélvico
Cara de sapeca
Me deixou louco
Eu não sou sapo
Mais me amarro em perereca

Amor auto motivo
Toda peça se encaixa
Mexo no capô da fusqueta
Enquanto você passa a marcha

terça-feira, 16 de junho de 2009

171 tipo A

Conversa de bar.
- Mas aquele cara lá é muito, muito picareta.
- Me fala, quem não é pelo menos um pouquinho hoje em dia?
- Não, mas você nem imagina o nível de pilantragem dele.
- Já ouvi cada história por aí, amigo.
- Você não tá entendendo o nível desse malandro.
- Hum, vamo ver, se é que dá pra enunciar. Qual o naipe de picaretice?
- Ah, tipo assim, o cara tem dois CPFs...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Quem não pode Londres, vai de Londrina. Eu recomendo.


Zeca Baleiro escreveu e cantou:
Quem não pode, quem não pode                     
Nova York vai de Madureira
E essa música bombou demais no iPod durante esse feriado. Entrando num clima baleiro, troquei NY por Londres e segui pra Londrina, 520km de SP, pra visitar os tios Valéria e Marco, que sempre me convidaram. Cansei de dar cano. Na barca consegui arrastar o primo Dé, que depois me ajudou a constatar que fizemos o melhor negócio nesse feriado.

As 7 horas de busão não mataram tanto assim. O taxista velhinho da chegada deu uma migué e faturou mais uns reais. E ao entrar na simpática casa aconteceu algo pitoresco. Pela primeira vez eu entro numa casa de família e o pai está, não diante da televisão, mas dentro dela. Explico: meu tio Marco (mais conhecido como Marquinho Gomes) é apresentador de TV há mais de 17 anos na região e hoje gesticula e articula sobre carros na TV Tarobá, afiliada da Band por lá. Ele tava ao vivo ali na telinha, foi muito comédia.

Daí aprendi a fazer macarrão, desde a massa até a maquininha. E disseram que o spaghetti ficou bão. Conhecemos o Valentino, baladinha boa e das antigas. Conseguimos voltar pra casa. Depois conhecemos o aeroclube, onde o Marco é instrutor de ultraleve nas horas vagas. Desnecessário dizer que Andrézin passou um medin no começo, mas que depois se jogou na parada e não queria mais voltar pro chão. Aprendi um pouquinho de pilotagem também, confesso.

Sol, cerva gelada, primos correndo pra cima e pra baixo, né Lauro? Criativo meu priminho, inventava brincadeira com qualquer coisa, meio Mc Gyver aos 7 anos. Alice sempre fofa e inteligente. Até peça sobre o meio ambiente a gente foi ver. Função família, com sorriso no rosto e ressaca no cérebro.

Baladas boas, mulheres melhores ainda, clima leve, universitário sem ser fútil nem alternativo demais. Tava rolando o FILO, festival de teatro famosíssimo: conclusão não assistimos nada.

O tempo passou pelo aeroclube e pelas incontáveis horas na varanda batendo papo e bebericando o sumo de cevda. Valeria contou coisa curiosas da gerações anteriores, que nem morto reproduziria. Morram de curiosidade.

Céu azul teve muito, pôr do sol teve muito. E como valeu a pena. Pra quem não tem Londres, vá pra Londrina que pode ser um ótimo negócio.

Inéditamente fotos aqui: http://www.flickr.com/photos/12044673@N05/sets/72157619802087762/

Italiano à manivela

Uma das maiores aquisições da minha viagem durante o ano passado foi o idioma italiano, falado, que fique bem claro. Como nunca escrevi, pareço aluno do mobral quando me atrevo a comunicar por escrito na língua de Berluscomi (asssim mesmo, com erro na penúltima letra, homenagem às farras com menininhas em sua mansão na Sardenha).

Meu tio avô, Valerio, leitor assíduo das minhas palavras me mandou o simpático email abaixo, que me fez tentar fazer toda minha comunicação com ele em italiano. Da minha resposta eu fiquei com vergonha, mas o orginal eu ponho abaixo. Tentando praticar aos trancos e barrancos. Buona lettura!

Caro Felipe,Secondo ho promesso a tua madre, ti scrivo in italiano, per ricordartelo. Leggo periodicamente il tuo blog "Saudade de amanhã". Mi rallegro per il viaggio a Ribeirão Preto, e per l'apprezzamento della birra Pinguim. È stato un viaggio di lavoro o di piacere? Capisco che il trasferimento delle famiglie insediate in zone pericolose o vietate sia un problema molto difficile da risolvere; perché la prefettura non aveva a suo tempo preso provvedimenti per evitare la costruzione di case in quelle zone? {Anche qui a Rio succede lo stesso...)
Ti abbraccio,
zio Valerio

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Conferindo a fama

Não dá pra falar de Ribeirão Preto sem falar do Pinguim, sem trema. Eu não conhecia nem um nem outro até sexta-feira passada e então foram duas maravilhosas descobertas. Sempre ouvi falar da Choperia Pinguim (recordações do meu amigo homônimo) que tem uma matriz e 3 filiais, sendo duas em shoppings de RP e uma em Beagá. Lóóóóógico que fomos na matriz, um prédio incrível datado da década de 30, imponente na praça central, ao lado do Teatro Pedro II. O chopp faz jus à fama, mas é caro (R$ 4,00 - a tulipa). Só que nessas horas a gente esquece um pouco o bolso (depois do 3° copo esquece mesmo) e desfruta sorrindo. E se tiver alegrinho e acabar reparando nos detalhes, como os pés das mesas em forma de nadadeira de pinguim, daí pode dar sorriso de mostrar os dentes pros garçons centenários.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Um cidadão chamado João

Um cara simples, um cara comum, que gosta de festa, de estar próximo da turma, de tomar uma breja boa e curtir um som bão. Coisa de João. O Jõao é o Zé do século 21. O João é a síntese da proposta do João Rock, festival de pop rock que rola desde 2002 em Ribeirão Preto. Tem uma simplicidade caipira, que não compromete nem de longe a boa organização, que dá uma aula de como fazer grandes eventos para a turma do Anhembi (Arena Skol), por exemplo. Exceto pela parte alimentícia. João também me lembra esse João aqui.

Eu sabia desse evento desde 2006, acho, quando fiz uma pesquisa de grandes eventos no interior e confesso que já tinha me entusiasmado. Não conhecia ninguém de lá até topar com o Stallone (vulgo Wanderley), em Roma, ano passado. Daí calhou de conhecer a Fezinha e esse foi meu ano de João.

Não tenho vergonha nenhuma de falar que é um evento de pop rock, afinal Jorge Ben, D2 e Nação Zumbi já deixaram de ser alternativos (será que algum dia foram?) há tempos. E mais O Rappa, assumidamente minha banda mais querida e que sempre me é uma relaxante e exorcizante terapia assistir. Natiruts sempre leve e 'trazedor' de boas lembranças. E ainda rolou uma Farofa Carioca pra temperar tudo, com certeza o Rio tem tempero.

Jorge sempre Jorge, sempre igual, mas mais curto porque se deixar o coroa toca até todo mundo pedir arrego. Embalou a galera com a malemolência de quem sabe emendar uma na outra religiosamente, há séculos. Será esse o segredo da vitalidade? Ou seria o smurf que ele toma todo show quase antes de acabar?

Nação é sempre aquilo: pesado e pensante, talvez até um pouco demais para uma noite que tinha uma aura descompromissada que começou na tarde com a piveta Mallu Vocês Sabem Quem. Ao cantar "Minha Menina" com o Jorge ela me provou que é MUITO desafinada e imatura.

Natiruts é entretenimento disfarçado de reggae, coisa leve. É pop, é raso, mas todo mundo canta junto e num lugar desses é isso que vale. 30 mil entoando hinos da juventude é gostoso, não tenho vergonha de dizer, não.

O Rappa fechou tudo, veio logo depois do D2, que fez um show burocrático, mesmo embalado por algum tóxico (que devia tá muito bom). Tentou pular, puxar, chamar pra fazer barulho, mas ele já tá perdendo respaldo e credibilidade (seria essência?) com o povo. Será que é excesso de aparição?

Mas foi engraçado que ao ser chamado pra cantar Hey Joe com Falcão ele não quis mais sair do palco e, não bastasse isso, ficou causando com o microfone na mão a ponto de Falcão falar que ele tava "aloprado". Foi engraçado, não há como esconder que tinha muito mais que uma maria ali no crânio do malandro. O cara dos dreads ainda pediu uma fita crepe pra produção pra tentar fechar a matraca. Mas o melhor momento foi quando ele lançou:
- Eu tô leiloando o D2, quem quer levar ele pra casa? Olha, vou ser gente fina contigo, cumpadi, só vale mulher!

Daí foi só rir e se despedir ao som de Pescador de Ilusões, sob uma lua cheia que inspirava e um frio que só tornava o colchão mais atraente.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Nomes adequados

Numa unidade pré-natal do SUS três futuras mamães conversam:
- Meu filho vai ter nome de jogador de futebol.
- Como vai chamar?
- Wilkerson ou Cleberson, não resolvi ainda.

- Ah, o meu vai ter nome de delegado.
- Hum, sério?
- Régis.

- O meu vai ter nome de estrela.
- Caetano ou Roberto Carlos?
- Não, vai se chamar Halley, mesmo.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Entre o dever e o querer

Vibe leve, né não?

Não sabia o que era um frio desses há mais de 6 meses. Por incrível que pareça não tive dificuldades para acordar às 04h30, sem despertador. Tudo escuro, 4 blusas. O termômetro apontava 8°C, não duvidei. Passos apertados para enfrentar um ventinho teimoso. Medo não, ansiedade talvez, pena com certeza.
Não fazia idéia de que era como é.

Sempre senti que o Estado tomava a terra de quem só queria erguer ali sua pequena morada. Eu condenava por automatismo. Que injustiça aquele monte de tropa de choque assustando mulheres e crianças a cada batida de escudo. Um compasso sinistro. O sol nascia, 6 e pouco. Os moradores acordavam lentamente, remelas nos olhos. Alicate começa a quebrar correntes. E sonhos também.


1/2 Cidade de Deus?

Jardim Iguatemi, fronteira da jurisdição das subprefeituras de São Mateus e de Itaquera, onde trabalho. Cerca de 50 famílias morando numa área de manancial, considerada de risco, beira de córrego, que deve ficar livre para encher em caso de chuva. Lei da natureza. Punk pra gente entender isso. Do outro lado, na parte de São Mateus, vai passar um trecho da Jacu-Pêssego, interligado ao Rodo-Anel, obra da Dersa. Enfim, a turma precisava sair.

Complicado chegar no papel do Estado, com a responsa de colocar aquilo tudo abaixo e sem ter uma garantia de onde essas famílias serão levadas. Desnecessário dizer que há um déficit imenso de habitação no País e que não há apartamentos perfumados esperando por eles, como eu de coração queria que fosse. Isso dói o coração. E o pior é que pensamos que é necessária ordem do juiz para isso, mas não é.

O seu trabalho é tirar aquelas pessoas dali sabendo que elas irão para um desconfortável albergue da Prefeitura por uns dias e de lá para algum lugar incerto. Para a rua ou pruma outra ocupação. Esse é o caso da grande maioria. Mas existe uma desconhecida maioria.

Esses são os que se utilizam da indenização que a Prefeitura paga para criar um comércio ilegal. Funciona assim: o cara recebe 5 mil reais para ter seu barraco destruído. Pega, investe mil e poucos num novo, numa outra área já ocupada. Coloca um amigo ou primo morando dentro e, caso a Prefeitura vá derrubar, ele paga 2 ao camarada e fica com o resto.


Gol de quem?

Fiscais me contaram que reconheciam vários dos que na semana passada clamavam ser os donos quando tentaram desocupar outros barracos vizinhos, eram inclusive os cinco ou seis agitadores. Era evidente quem eram, nem precisei perguntar. As famílias que ali moravam foram cadastradas ha seis meses e seriam indenizadas pela Dersa, mas quem estava morando ali agora já não eram as mesmas famílias cadastradas de outrora. Sentiu o drama?


AdEvogado do povo X chefe da operação: troca de gentilezas.

Daí baixaram por lá uns deputados do PT se fazendo de justiceiros do povo e os incitaram a se rebelar. Ser oposição é a coisa mais fácil do mundo. Complicada a situação foi ficando porque a Guarda Civil Metropolitana (GCM) não tinha equipamentos e nem know how para quebrar um cordão daqueles. Mesmo assim, o pau começou a quebrar do meu lado e em instantes me encontrei sob uma chuva de pedras e tijolos, tentando procurar abrigo. A GCM tentava bater e os manifestantes arremessaram um tanquinho sobre um oficial, que teve um feio corte na testa.

Corre corre. E a PM La no fundão só olhando. Comandante deles praticamente não agiu. O povo retomou o controle. Todas as 6 maquinas esperando, sendo uma delas alugada por 15 mil reais ao dia. Cerca de 100 operários esperando, ociosos e sem servir ao município naquele dia. Cerca de 90 GCMs tensos e sem apoio dos 20 homens da PM.


Cenário, dia a dia.

O pior é saber que minha missão como assessor de imprensa da subprefeitura foi cumprida, já que nenhuma câmera de TV ou jornal registrou o momento do confronto, coisa que faria a notícia subir de grau para concorrer com as notas secundárias sobre o voo da Air France. Todos sabem que houve, mas a imagem só tem quem ouviu pedra sussurar nos ouvidos. E a bucha ficou mais pra turma da Sub de São Mateus. Ainda ajudei uma esperta repórter do Agora SP a apurar até tarde, atendendo ela inclusive depois do meu banho.

Enfim, mesmo dois dias depois não sei direito o que senti ali ainda, além do medo de tomar uma pedrada e de perceber que tudo faz parte de um imenso jogo político. E de saber que alguma hora a turma vai ter que sair dali, numa boa ou não.

terça-feira, 2 de junho de 2009

A day like no other

Algumas fotos de hoje. Post mais completo em breve..
Um dia pesado, mas inesquecível. Começou 4h30. Espero que acabe logo.
Desocupação de área da prefeitura no Jardim Iguatemi, Zona Leste (bem longe do shopping homônimo).





segunda-feira, 1 de junho de 2009

Samba de Orly

Dormi mal, com pesadelos como há tempos não tenho. Acordei com o Percival da Jovem Pan AM relatando o desaparecimento do avião da Air France e fiquei com a estranha sensação de que a semana vai ser punk rock. Sem twitter aqui no trabalho me dá a sensação de estar ainda mais orfão de informações. Nessa horas TV sucks. Quem não se lembra das desencontradas informações iniciais do 11/09?

Budapeste e a sala 3 do Unibanco

Budapeste é um filme bom, menos que o livro, mas não deixa de ser divertente. Por sinal, vale muito a pena, já que nem Chico conseguiria descrever algumas cenas brilhantemente captadas por Walter Carvalho. O mais aclamado diretor de fotografia brasileiro realiza uma estréia competentíssima pilotando a película toda.

Há momentos de lentidão em que dá vontade de conversar e fazer comparações com a obra escrita, mas a dedicada atuação de Leonardo Medeiros e a charmosa atriz húngara Gabriela Hámori encantam. Claro que os belos corpos nus de Paola Oliveira e Giovana Antoneli também enchem a tela de beleza e constroem o cenário de tentação e reflexão.

Budapeste, assim como o livro, é um filme que questiona aceitar a sina e a vontade de mudar o destino. O paradoxo entre o querer e o tolerar, entre o desejo e o dever, o conquistado e a ânsia de possuir. Umas 5 sequências são memoráveis, dentre elas o personagem cantarolando "Feijoada Completa" em estrófes alternadas em português e húngaro. E vale a pena assistir na sala 3 do Espaço Unibanco, a melhor da cidade.