sábado, 27 de fevereiro de 2010

The big black cloud

Primeiro foi o joelho que deu pau, depois a greve de transportes em Arequipa que nos deixou travados, mau-humorados e loucos para sair de lá o mais rápido possível, na sequência veio a chuvarada em Cusco e o fechamento da Trilha Inca com deslizamentos e mortes pelo caminho (vou contar aqui mais pra frente), na volta rebaixei a Leandro de Itaquera (ver abaixo) com meu molejo hereditário, daí já emendei com uma ida frustrada e assustadora ao Chiqueirão onde meu tricolor perdeu pro fraco time da casa e onde (detalhe bobo, magina) morreu um cara, na sequência plantão a semana inteira até altas horas da madruga, resfriado, depois o computador lá de casa quebrou na minha mão, e pra coroar tive armas apontada para mim duas vezes na última semana, sendo a última com aquelas miras laser da SWAT, sabe?

Indicações de benzedeiras para: felipemortara@gmail.com

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Das coisas intensas da vida

Entrar no Anhembi e ir pra concentração. Estacionamento não tão cheio de carros, mas de cores. Cada componente é uma célula, procurando sua ala para forma uma espécie de órgão respirante e mutante. Que saudade desse respirar. Encontrar amigos, escutar e afinar o enredo. Cerveja, duas por cinco. Amigos vestidos de gari, prosa. Nossa fantasia vem com um camarada chamado Medonha, sim, ele mesmo, da velha-guarda da escola. Queria porque queria que a gente saísse de terno branco e chapéuzinho, junto com os senhores e senhoras da vermelho e branco.
Não, obrigado, não merecemos tal manto.

É tudo improvisado, é, mas vamos de Iansã e Xangô, protetor fiel, fantasia grande e emperequetada. Estalam os cavacos, tamborim assovia dilacerante, não dá mais pra voltar. Linha amarela, começa o desfile, enredo, improviso na ponta da língua. Os refrões saem como se os cantasse desde pequeno. Ela sorri, é o que importa, não queria estar em nenhum outro lugar do mundo, todos sorriem, mãos dadas. Êxatase é entoar o canto em coro e não ser mais, ser pura e simplesmente aquilo tudo. A testeira amassando as têmporas e nem sombra de uma dor de cabeça. É ver o povo não cantando o seu enredo, pois sua escola não é a mais popular, mas sequer cogitar desanimar. São 500 metros da mais pura felicidade, diria um cientista menos cético.

Sim, minha escola foi rebaixada, e sim eu dou risada das piadas. Eu mesmo as faço. Sim, eu não levo isso tão a sério. Sim, eu não passei o ano inteiro montando o desfile. Sim, eu quero participar da ascensão ano que vem. E sim, vou decorar muito mais do que os refrões. E sim, eu quero ver a escola ser campeã.

Ah, e se você não sabe quem é o tiozinho fantasiado de Wally aí em cima, ele é simplesmente o nome da escola em carne e osso. Ou melhor, barriga e sorriso.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Às espontâneas


Pensou em fazer alguma coisa, parou pra pensar, pensou direito, e desistiu. Normal, né, a gente faz isso o tempo todo. Pensou em xingar aquele cara da fechada lá no próximo farol, mas pensou que se pá ele tem uma quadrada e manda você redondamente pro caixão. Ou talvez tenha pensado em mandar o chefe à merda, mas lembrou que é ele quem garante o leite dos seus filhos. Quem sabe tenha arriscado cogitar convidar aquela pessoa mais que interessante prum get2gether, mas o frio na barriga e o medo do implacável (porém nada mortal) "não" o tenha impedido.

O medo parece que trava a gente, mas também pode alimentar. Não é sobre medo que essse texto fala, mas sobre a capacidade que o instinto tem de superar ou até mesmo de simplesmente ignorar o medo. A coisa feita por impulso pode caminhar pro fiasco, normalmente o improviso em coisas sérias tende a isso. Mas na balança, as coisas espontâneas tendem a ganhar grande valor por sua autenticidade. Parece que quanto menos programadas, menos previsíveis e mais originais são. É coisa que vem de dentro.

Resolver que vai fazer a viagem da vida numa segunda-feira cinzenta. Decidir que, se gosta tanto de cantar, vai gravar um disco. Ou ainda se gosta de velejar, programar-se para subir a costa brasileira inteira a bordo de um veleiro. Se é do pedal, fechar uma longa jornada de bike. Se é das alianças, resolver que vai colocar uma criaturinha no mundo. É da turma dos apaixonados e achou o par da vida? Ótimo, eu tô falando do dia que você resolveu pedir a mão dela, com todo o clichê que a ocasião pede. É do momento do estalo que eu to falando.

Aquela hora em que o corpo vai porque a mente já foi. O espontâneo é mais que orginal, é puro, visceral. O espontâneo tem sempre um preço, mas que no auge do estalo sempre parece compensar. Em cinco minutos escrevi isso aqui, não sabia nem que escreveria hoje. Espontâneo, puro, visceral? Sei lá, eu precisava. Digamos que estou no auge de um delicioso estalo, que só posso contar quando (e se) tudo der certo. Mas vamos combinar: o que o entusiasmo não faz, hein?

(Foto daqui)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Quase começando


"A man travels the world over in search of what he needs and returns home to find it."
George Moore

Dizem, e eu acredito, que o ano só começa depois do Carnaval. Ou seja, tá pra começar já na quarta-feira. Ao contrário do que clama a canção Felicidade, tudo não se acaba na quarta-feira. Pelo contrário, o ano começa é logo depois do meio dia. Nem branco nem preto, como o samba, o ano nasce cinza, numa sutil mistura dos dois. Branco de paz, preto de luto, cinza de tédio. Mas com a certeza de que se colorirá em pouco tempo, assim como esse blog, que volta a cantar, perguntar, resmungar, escutar, sambar (por que não?) e outros ares por aí.
Feel so good to be back.