quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Mas que que aconteceu com seu pé?

Faz um mês que 98,5% das minhas conversas são praticamente monotemáticas. Claro que se fala de outras coisas, em 15% do tempo de duração que resta das conversas. Mas está comprovado, quem te conhece pouco vê na bota ortopédica (aka robofoot) e no acessório de apoio - bengala ou muleta - uma maravilhosa desculpa pra puxar assunto.

Quem me conhece sabe que eu gosto de falar. Só que de vez em quando eu não aguento mais contar a mesma história, mesmíssimo caô. Daí alguém deu uma ideia: usar a criatividade. E meus maravilhosos dons teatrais. A regra: sempre que estivesse acompanhado por alguém que soubesse como foi meu acidente, inventaria uma história diferente.

A vítima 1 foi a mais hilária. Com olhar sério, um pouco cabisbaixo e com cara de dor, comecei a narrativa. 'Existe um lugar no Mato Grosso do Sul, um chapadão, onde existe uma comunidade chamada Projeto Portal. Por lá costumamos avistar e ter contatos com seres extraterrenos. Foi durante uma experiência de quase abdução que eu machuquei o pé. Meus chacras não estavam todos abertos para ser competamente abduzido e poder ser levado para uma volta em um nave intergalática. A poucos metros de entrar na aeronave, me deu uma bad vibe, meu chacras se fecharam e vibe complicou. Caí, quebrei o pé". E saí sério.

A segunda foi mais utópica, mas contada com a mesma seriedade. 'Eu estava na casa do Geraldo Magela, aquele humorista cego, fazendo uma entrevista para um frila de uma revista de acessibilidade, quando de repente, a luz da sala queimou. Ele só percebeu porque eu falei, claro. O apê dele era escuro, comecinho de noite, não consegui enxergar nem a cor do meu bloquinho. Ele muito gentilmente disse que na dispensa havia lâmpadas no armário superior direito perto da porta, assim como uma escada no canto esquerdo, próxima ao interruptor. Fui lá. Claro que não seria eu que iria segurar a escada. Quando eu estava trocando a lâmpada, aquele ceguinho filho da puta foi fazer piada, tremeu levemente a escada e eu caí. Mas pelo menos ele se fudeu também porque eu torci o pé, mas a escada caiu em cima dele".

Aceito sugestões para novas, chulas e/ou criativas ideias. Pode deixar só a primeira frase, que o resto eu invento, afinal trabalhar com a verdade não pode engessar o profissional.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Distorcendo o nariz

De todos os meus sentidos que não funcionam - ou seja, quase todos -, o que provavelmente menos foi agraciado é o o olfato. De rosas, de pizza, de maconha ou maresia. Sinto pouco cheiro, quase nada. A ineficácia é tamanha que todo cheiro que sinto, duplico mentalmente para tentar entender a dimensão. Sinto cheiro na imaginação.

A rinite é uma espécie de miopia com hipermetropia nasal, temperada com astigmatismo. Uma calvíce crônica dos odores. Cada vez mais você sente menos odores. E trabalhar na Marginal do rio Tietê, por supuesto, não melhora em nada isso, mas até que a rinite ajuda a não sofrer tanto.

Mas algumas vezes, meio que subitamente, a narina se abre que nem perna na zona. Uuuuuuu. E a enxurrada de informações olfativas demoram um tempo para serem processadas. Confesso que alguns abraços femininos induzem essa reação. Um brinde às cheirosas.

Cigarro é outra coisa que faz meu nariz apitar. Não tem jeito, acendeu um careta do meu lado, eu acabo torcendo o nariz. Pode até ser uma cheirosa, cigarro é chato. Claro que eu não saio correndo, mas já deu vontade.

Certa vez me ofereceram um tal de Afrin, me garantindo que seria uma espécie de óculos que clareariam o meu olfato, me fazendo respirar numa nova dimensão. De fato, a sensação é maravilhosa, mas altamente viciante. Como míope - ocular, claro - devo confessar que muitas vezes gosto de ficar sem óculos só pra curtir o mundo numa nova dimensão. Fica meio impressionista, tudo borrado, até mais bonito. E acho que por isso não me atrevo a virar usuário de Afrin e afins, para manter esse quase impressionismo olfativo.