quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Pega um, pega geral


Por Eduardo Stryjer

Este filme deu o que falar na grande imprensa antes de sua estréia no cinema. Entrou até pra história como o primeiro trabalho nacional a rodar ilegalmente pelo país antes de passar nos telões. Foram milhares de cópias vendidas em camelôs e baixadas pela internet. Tropa de Elite, do diretor José Padilha, o mesmo do Ônibus 174, mostra escancaradamente a crise (corrupção pesada) da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Logo de início imagens caóticas da cidade maravilhosa que se vê obrigada a conviver com a guerra entre homens fardados e sem farda. É um choque de realidade, e Padilha não alivia com suas cenas fortes e ritmadas.

A ficção baseada em experiências reais é narrada em primeira pessoa pelo Capitão Nascimento (Wagner Moura). Casado e prestes a ter um filho, passa por uma crise pessoal por não suportar mais a realidade estressante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE). Os aspirantes Neto e Matias são dois possíveis sucessores. Amigos de infância, deixam a PM para ingressar no curso de treinamento para o Batalhão Especial. É aí que o bicho pega: a exigência é enorme, fazer parte dessa elite é anular a alma em prol da guerra contra o crime. A honestidade é um dos pontos mais frisados no longa, que caracteriza o BOPE como a única repartição séria (o restante da polícia é corrupta e não presta).

Nesse conflito todo, Padilha também critica os jovens de classe média consumidores de drogas, que carregam a responsabilidade dessa violência por alimentarem o tráfico. Não tem como não ficar pilhado com as cenas de tortura e com os diálogos carregados de gírias e palavrões. Tropa de Elite é uma grande obra que lança o cinema brasileiro lá no topo.

***

PS: Valeu Dudu, pela contribuição!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Desabafa, querido.