terça-feira, 26 de outubro de 2010

Ben demais

Jorge sentou praca na cavalaria
E eu estou feliz porque eu tambem sou da sua companhia
Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Para que meus inimigos tenham maos, nao me peguem,nao me toquem
Para que meus inimigos tenham pes,nao me alcancem
Para que meus inimigos tenham olhos,e nao me vejam
E nem mesmo um pensamento eles possam ter para me fazerem mal


E quando você já tá cansado, mas o cara não quer parar de tocar? Sem a menor intenção de deixar ninguém ali parado. Tenho a impressão de que a mãe dele o batizou Jorge e pensou: 'esse desgramado vai colocar o mundo pra dançar'. E alguém colocou o suíngue todo do mundo na ponta dos dedos e naqueles violão que ninguém sabe tocar igual. E não dá pra explicar o que é ficar duas horas com esse cara a poucos metros de você. E estar ao lado de uma porrada de gente que você gosta. Com certeza um dos maiores privilégios que já tive. Sei lá, post besta, mas de Ben com a vida.

PS: Salve Jorge.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Todo mundo e ninguém


Nunca tinha me acontecido ter a certeza de que num mesmo espaço eu conhecia tanta gente e ao mesmo tempo ninguém. O SWU foi uma espécie de portal em que as pessoas entravam e evaporavam. Muita, mas muita gente mesmo que eu adoraria ter encontrado sequer passaram perto de mim ou sabiam que eu estaria por lá. Fora o pessoal que tava te procurando, celular mais morto que paciente em maca do IML. Era um anônimo no meio de mais um monte. E todos o eram também. Não sei se pelo tamanho colossal do evento ou por alguma conjunção de fatores cósmicos, as poucas pessoas que encontrei acabaram me passando uma mensagem em comum. Todas tiveram um significado, fizeram sentido. Mas uma coisa é fato, tava incrível aquilo lá.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

What better time than now?


It has to start somewhere
It has to start sometime
What better place than here
What better time than now

Na quarta música pararam o show. Se continuasse daquele jeito alguém se machucaria feio. Não tinha como não sair do chão a cada minuto. Tava tenso, tava. Tava pesado, tava. Mas ninguém tava nervoso, era ansiedade, medo. Os riffs da guitarra de Tom Morello eram como faísca num mar de gasolina. Naqueles videoclipes velhos da MTV eu via rodas e rodas abertas, mosh pits aos montes e nego pulando que nem condenado. Não tinha ideia de que eu também reagiria assim quando o pau começou a comer solto. Já não tinha mais os amigos por perto, levados pela multidão. Meio egoistamente me coloquei em mode de transe, de dispersão e devaneio absoluto. Entrando em alfa a cada grave do baixo, a cada gatilhada da batera. Como três instrumentos e um gogó podem deixar tanta gente em êxtase/fúria? Que me desculpem as big bands, mas dá pra fazer muito, mas muito barulho com pouco equipamento e muita ideia na cabeça. O que deixa um fã do Rage endiabrado é mais do que a batida funkeada e o braço pesado na caixa, é mais que o compasso incessante de adrenalina. É mais. É a ideia, e a eterna esperança, de que se possa viver de forma mais justa, respeitando mais aos próximos, sem todo mundo querer levar vantagem em tudo. Seja lá o que for preciso para isso acontecer.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Gelada do outro lado da cidade

Mas não era muita coisa o que ela queria. Quem sabe só umas risadas num final de tarde com cara e cheiro de São Paulo. Uma cerveja mais gelada que a risada do chefe dela, nada difícil, porque simpatia nunca foi o forte dos chefes dela. Quem tem sorriso desconcertante é punida com a antipatia mais vil, é lei dos reversos, tá escrito nas lorotas populares. E como ela arrasta olhares, não podia ser diferente. Olhos seguindo os olhos negros e infinitos, os verbos todos se misturando nela, sobra verbo pra falar, bem e mal. Mal sabia ela que só uns golinhos de gelada já esquentariam suas ideias, suas preguiças. Daí o telefone vibrou no bolso de alguém, em algum canto sujo, distante e há alguns quilômetros de engarrafamento daquele pecado. Chamasse que ele iria, blefasse que ele estaria, chorasse que ela a faria doer a barriga como remédio implacável. E aquele monte de zica pareceria um caminho de rosas porque no final teria. Teria ela.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Na sua sola

Daí eu tava entrando na zona eleitoral, aquele nobre lugar para onde me desloco a cada dois anos. E claro que eu não tinha nem pensado no que eu ia fazer ali. Simplesmente estava ali. Daí eu lembro que eu tô ali pra eleger uma meia dúzia di bastardi, digo, de representantes legítimos meus e do povo. Gente que vai me representar, que vai honrar as convicções que eu achei que tinham a ver com as minhas ideias. Eu não sei como vou encontrá-los, mas talvez pegando um santinho desses no chão com certeza é que vou encontrar o cara certo pra mim. Meu candidato tá me esperando debaixo da sola do meu sapato. Só eu que não encontrei.