segunda-feira, 6 de abril de 2009

Sobre apelidos e nomes de guerra


Assisindo a um trailer dia desses vi que vão lançar um novo filme com Phillip Seymour Hoffman. Bom, não é sobre o filme que quero falar, mas sobre o tamanho do nome desse ator. Tem sílaba a dar com o pau, é molezinha esquecer na hora que você quer falar a respeito. Será que ele não podia ter escolhido um dos dois sobrenomes? Tinha que homenagear a mãe, o pai e o empresário dele?


Tá certo que o cara é bom, ganhou o Oscar interpretando (magnificamente) Truman Capote e já tem o nome consolidado. Mas que é difícil lembrar do nome todo dele ninguém há de negar. Nome artístico tem que ser algo simples, curto, grosso e impactante. Por mais ridículo que seja, Maria da Graça Meneghel conseguiu bolar um bom para sair daquela sarjeta de filme erótico B. Por sorte do destino o Edson Arantes do Nascimento também foi sacaneado (ele odiava ser chamado de Pelé em Bauru) com um belo apelido, que é hoje uma das marcas mais conhecidas do mundo.


Tai, nome artístico é uma marca, tipo Coca, Omo, Honda, Levi´s e algo que vai acompanhar o cara pra sempre. Ou enquanto a fama durar. Se sobreviver até lá, Rita Cadilac vai ter que suar a camisa (ou o bustiê) para explicar pros netinhos e bisnetinhos o que era um cadilac e o porquê do seu apelido. Imagina o constrangimento?


Mas apelido é um negócio mais interessante. O apelido é o nome artístico de quem não é artista. É um algo que surge quando não queremos e que pega rápido normalmente. Na verdade, ter o seu nome na boca do povo é o que sonha todo artista, mas quem recebe um apelido geralmente não gosta no começo e por isso mesmo espalha feito coceira de pó de mico.


Quem batiza normalmente nem é aquele cara que é mais seu amigo, mas um não tão chegado que para fazer rir a rodinha bola algo espontâneo, mas que por alguma razão tem a ver contigo. Se tiver poucas silabas e muitas vogais pega mais fácil, tipo Buiú, Bozó, Lela, Tinhé, Sebá, Didi. Desses para apelidos vergonhosos, que só podem ser fruto de cabeça masculina oca, é um pulo. Certa vez conheci (e entrevistei) um Xereca, saí de balada com um Prexeco e cumprimentei um Bacurinha.


Tem aqueles que a pessoa herda do seu jeito de ser, aspectos da sua personalidade: Mão de Vaca, Migué, Mineirinho, Sem Noção, Doido e até Metelança (quem fez Casper a conhece). Esse último é assaz degradante, hei de convir. E soube, recentemente, foi dado injustamente. Mas o fardo é eterno nesse caso.


Batismos de trote ou de primeira semana de faculdade costumam nos acompanhar o agraciado por décadas e são coisas aparentemente sem nexo como Passoka, Cueca, Romualdo, Gandhi, Queiroz, Zé Controversinha, Campeão, Luspa, Senador.


Se for obviamente parecido com alguém da TV, do cinema ou dos desenhos, será batizado por osmose. Conheço Tropeço, Skitter, Doug, Tintin, Mion, entre outros. A condição física ou um deboche sobre a aparência também pode originar uma nomenclatura: Gordão, Japa, Pirulão, Palito.


E como o lance são denominações que grudam na mente, não posso deixar de comentar sobre nomes de guerra. Em algum momento da história da mais antiga profissão do mundo, as moças e moços da vida resolveram que para tentar manter o anonimato um nome forte e “sensual” seria um crachá para o sucesso na atividade. Mas a maioria vira motivo de deboche. Me explica quem vai dar credibilidade a uma KATIANY FAÇO TUDO, KELLY SAFADINHA, ou ainda ADA PRAZER TOTAL? Um anúncio de jornal com um título desses repeliria a esmagadora maioria dos homens que conheço.


Só que como apelido pega rápido e que nome fantasia deve funcionar por razões desconhecidas, temo dizer essa galera dos exóticos nomes de guerra deve estar se dando muito bem. Mas não mais que o Philip Seymour Hoffman.


PS: Todos os apelidos citados são de pessoas que conheço e/ou conheci ao longo dos anos, à exceção dos das profissionais guerreiras.

Um comentário:

Desabafa, querido.