segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O teste de VT

Era um tempo de bovinos quase raquíticos, daqueles em que esfiha do Mister Sheik na hora da larica é a maior indulgência que o bolso permite. Não havia muita luz financeira apontando no horizonte. O telefone toca, passa das oito.
- Cara você topa fazer um teste pra um comercial da Caixa Economica amanhã às 9 na Vila Mariana?

Imprevisibilidade, eis a chave da vida. Mais de 5 meses semn falar com esse amigo, que faz casting pra filmes publicitários. Já havia me prometido um teste e tal, mas nada. Eis que o assunto ressurge fenísticamente.

Dia seguinte, tamo lá. O câmera demora uma hora pra chegar, faço uma foto engraçada segurando um sulfite com meu nome, tipo procurado mesmo. Algum tempo se passa, uma galera vai chegando, só homem. O pior é que você não sabe quantos papéis são, se vai ter concorrência, quem é quem. O câmera chega.

Sou o primeiro, entro no estúdio. Grande, vazio, fundo branco infinito, já parecendo cenário de piada. No fundo, o câmera e o assistente de direção, que pede para que eu mostre meu lindo sulfite. Agora ele pede para fazer graça com a folha de papel. Pensa numa pessoa cuja espontaneidade máxima costuma ser um xingamento após uma fechada no trânsito tendo que pagar de engraçadinho com uma câmera filmando. Rá! Parece pegadinha. Mas pra ganhar 3 pau por um dia de filmagem tenho certeza que até o leitor faria.

Fiz qualquer micagem, nada espontâneo demais. Rasguei a folha. Colocaram uma cadeira dessas de buteco, só eu e ela no cenário. Daí o diretorzinho pede para eu sentar e olhar para um X com fita crepe no fundo do estúdio, atrás dele. E aí começa a imaginação.

"Imagina que você tá com sua namorada, ela tá grávida e vocês estão no médico fazendo um ultrassom. Ali no X é a tela e aí do seu lado tá a sua namorada e você ama ela e vocês tão muito felizes com o neném. Você olha pra ela, pra barriga, para a médica e para o X. E faz cara de quem tá mega contente, orgulhoso."

Pronto. Agora pode rir imaginando a precária atuação. Jornalista atuando em comercial é porque a crise tá braba, né não?

Depois disso você pode pensar que foi um fiasco, como eu pensei. Mas não! Parece que o diretor curtiu bastante e disse que eu era "bom". Hahaha, faz-me rir, diretor! E parece que fiquei entre os 4 que foram para o cliente. E o que ele disse? Bom, se tivesse aprovado, esse post não seria texto e sim um vídeo do You Tube. E aí sim você estaria rindo de verdade.

Um comentário:

  1. Se não der em nada, pelo menos foi um bom treino pro papel de marido exemplar e pai amantíssimo...rsrsrs

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Desabafa, querido.