sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Tutto da rifare*

O Estadão de ontem é a melhor definição de sem-vergonhismo que eu já vi e vai para os meus arquivos embolorados. Impressionante, a capa já começa com Sarney, Renan e Collor saindo juntos do plenário. (Ah, só a título de lembrança, esses caras cuidam do seu País). Depois a manchete Conselho (de Ética) enterra 4 denúncias depoisde discurso de Sarney acompanha um info-gráfico que mostra quais as denúncias, os autores e a razão do arquivamento. Num canto aparecem as aspas vergonhosas do relator do conselho, senador Paulo Duque (PMDB-RJ): "Prova que seja recorte de jornal não entra". Depois uma tímida manchete anuncia que oposição promete reagir a arquivamento; engavetamento já era esperada (sic) no conselho, de maioria governista, > faz sentir o medo que tem a oposição.

Na página dupla seguinte tem o discurso de 48 minutos do dono do Maranhão. Imagina o tamanho do texto! Nem o editor deve ter lido tudo. Há alguns trechos grifados em amarelo com considerações do jornal contestando as afirmações, dois exemplos:
- "Aguentei 12 mil greves sem q nunca tivesse pedido um dia de prontidão militar [...]" > Nota do Estadão: Em 1988, quando os metalúrgicos de Volta Redonda (RJ) entraram em greve e ocuparam a CSN, o então presidente José Sarney enviou o exército para repimí-los. No conflito três jovens operários foram mortos e 31 saíram feridos.
- "Rodrigo Cruz também não sei quem é. Incluíram como se fosse nomeado por mim." > Nota do Estadão > Sarney foi padrinho de casamento de Rodrigo Cruz no dia 10 de junho. Rodrigo se casou com Mayana Maia, filha do então diretor do Senado, Agaciel Maia. Ele trabalho dois anos no Senado por meio de ato secreto.
Ao lado da afirmação há uma foto impressa dos noivos com Sarney. Só isso.

A página seguinte começa assim Sarney atribui nomeação de seus parentes a outros senadores, Em discurso, presidente do Senado usa argumento de que os políticos são todos iguais. Num canto da página, o resumo meio discreto e tristemente verdadeiro do dia: Após a fala, clima era de que prevaleceu conchavo para salvar Sarney da crise.

A pedido de Lula, Dirceu opera para senador. Ex-ministro esteve com Sarney, ligou para Dilma e articulou com dirigentes do partido.

Na véspera, Simon dizia esperar 'dia da podridão'.

Depois disso tudo, eu precisava de uma notícia boa e, por um milagre, a achei na página seguinte:
Justiça bloqueia bens de Maluf

* "Tudo a refazer" ou "Começar tudo de novo", título emprestado de um ditado italiano comentado pelo guru PL.

Um comentário:

  1. O articolo esta muito bom, essa gente fa schifo. Precisava buttar todos na cratera do Vesuvio, con pomodoro e oregano ingoppa. Bravo!

    Italo

    PS - Ma chi è questo guro PL ???

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Desabafa, querido.