terça-feira, 5 de outubro de 2010

Gelada do outro lado da cidade

Mas não era muita coisa o que ela queria. Quem sabe só umas risadas num final de tarde com cara e cheiro de São Paulo. Uma cerveja mais gelada que a risada do chefe dela, nada difícil, porque simpatia nunca foi o forte dos chefes dela. Quem tem sorriso desconcertante é punida com a antipatia mais vil, é lei dos reversos, tá escrito nas lorotas populares. E como ela arrasta olhares, não podia ser diferente. Olhos seguindo os olhos negros e infinitos, os verbos todos se misturando nela, sobra verbo pra falar, bem e mal. Mal sabia ela que só uns golinhos de gelada já esquentariam suas ideias, suas preguiças. Daí o telefone vibrou no bolso de alguém, em algum canto sujo, distante e há alguns quilômetros de engarrafamento daquele pecado. Chamasse que ele iria, blefasse que ele estaria, chorasse que ela a faria doer a barriga como remédio implacável. E aquele monte de zica pareceria um caminho de rosas porque no final teria. Teria ela.

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Desabafa, querido.