terça-feira, 2 de março de 2010

Guerra besta

Ir no estádio como torcida adversária no Brasil é mais perigoso do que saltar de paraquedas. Acompanhe o raciocínio: são liberados cerca de 10% dos ingressos para o time visitante e que nenhum estádio brasileiro comporta hoje mais do que 100 mil pessoas, sua chance de estar ali é de 1 em 10 mil no máximo. Já a estatística de panes de paraquedas é de uma pra cada 15 mil saltos, sendo que acidentes com risco de morte são menos de 3 por ano no Brasil. Porém, num estádio ou nas cercanias, no meio de uma batalha campal, suas chances de tomar uma pedrada, paulada, ou um simples tiro é cada vez maior. Sem hipocrisia, me sinto mais seguro numa porta de avião a 12 mil pés.

Estava já dentro do Palestra Itália na semana passada quando meu amigo chegou atrasado contando que viu um cara sem camisa meio morto no Av. Antártica todo sangrando. Pelo que acompanhei posteriormente, ele não deve ter morrido, já que a única vítima fatal foi um palmeirense do interior matado no posto Lago Azul da Rodovia dos Bandeirantes. Mas isso não importa, estádio é lugar de ir ver e apoiar seu time, não de morrer por ele.

Pra que olhar o adversário como um inimigo só porque ele gosta de verde e eu não? Não dá para aceitar alguém que não é igual a você possa ter os mesmo direitos que você? E o pior é que esses caras que saem de casa pra guerra devem ter algum amigo ou familiar que torcem pro time que eles querem trucidar. Não há respeito ao adversário, parece que só enxergam a aniquilação do oponente. A luta simbólica do campo migra para o coração desse vândalo, travestido de torcedor, que não visa mais apoiar seu time, mas usá-lo de desculpa para descarregar suas raivas, angústias e adrenalina. Pra isso eu prefiro paraquedismo.

Um comentário:

Desabafa, querido.