quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Piloto de espetos

Na média todo mundo gosta de mal passada. E todo mundo quer dar pitaco. Joga o carvão antes, joga por cima, não, por baixo, isso, o álcool, não, tudo isso não, sim, pode pôr mais. Meio terapeuta, meio ditador, eis o dilema de quem está pilotando uma churrasqueira. Ainda mais para mais de 60 pessoas. Um brinde aos vegetarianos que poupam algum trabalho, uma vaia àqueles que vêm cobrar abobrinhas e cebolas assadas como se fossem obrigação. Pô, quer verdura vai no Ceasa. Pra quem não come carne tem cerveja. Aliás, acho que já disse aqui que churrasco sem carne acontece, mas churrasco sem cerveja simplesmente não há. Suco de cevada fermentado é óleo na engrenagem do churrasco, e também nas mãos e na garganta no churrasqueiro. Sem fazer força seu canto é tão concorrido quanto a cabine de um DJ na balada, especialmente se por alguma razão (fome) as pessoas tiverem motivos para não sair dali (linguiça, picanha, bisteca, franguinho, etc...). Exerce papel de rei travestido de plebeu, sempre suado, sujo. A diferença dele pra banda é que se a banda para, todo mundo percebe imediatamente. Já o piloto de grelha só tem sua ausência sentida na hora que a barriga ronca. Em geral não tem reconhecimento, mas tem moral. Não pega ninguém, mas come o quanto quer. Tipo aquele motorista da rodada, que supostamente não bebe, mas no fundo, bem lá no fundão do churrasco, se diverte.

Um comentário:

Desabafa, querido.