segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Ôba
Sabe aquela saudação que você dá para aquelas pessoas que você não sabe o nome ou não sabe o que dizer? É, a onomatopéia "ôba" é muito mais do que uma simples combinação de 3 letrinhas. Pois é, a utilização de micro-palavras é uma constante na comunicação das pessoas. Tem uma chefe minha que é campeã. Sempre usa, "hihi", um "uuu", "aiai" ou um característico "hohoho". Tá certo que às vezes tem mais de uma sílaba, mas na pronúncia é tudo vomitado numa só.
Um uso clássico desse tipo de ferramenta da linguagem é quando se está passeando numa rua com aqueles guardinhas de rua. É, aqueles que moram dentro da guarita, sabe? Que parecem bichos-preguiça que vivem 24hs dentro daqueles gigantescos (e nada claustrofóbicos) 1,5 m². Não confunda com porteiros, aqueles que são donos dos prédios que vigiam, por trás dos vidros pretos e blindados.
O guardinha de rua é aquele que toma conta de rua com casa chique. De bairro nobre, que ganha café na garrafinha térmica. Mas dizem que no coador é melhor que na máquina. Sinceramente, não entendo disso.
De volta à idiomática. Muito interessante como um "oi" pode te salvar naquela hora que você não lembra o nome alguém. Ou um "eaí". A soma dessas vogais pode garantir até o começo de um papo bacana.
A letra "o" é um caso a parte. Nesse quesito de sentidos para uma só expressão, ela parece uma tela em branco. Tem aquele "ó", que aparece naqueles momentos de espanto e surpresa (ex: ó só o carro novo do chefe). O "ô", pra enfatizar alguma coisa (ex: ô se eu gosto de doce de leite). Tem o "ôô", que é aquela coisa tipo "esqueci de você" (ex: ôô, Serginho, não te liguei antes por que não deu, mas não esqueci não). Tem aquele "ô" feio também, um adjunto adnominal de chamada de atenção (ex: ô, pisu, ei, é, você mesmo seu trouxa).
Mas devo ter esquecido alguma. Eita, ixi, depois eu lembro...
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Desabafa, querido.