domingo, 7 de novembro de 2010
Amanhã, roupa de peixe no Ceasa
O cara ainda não entendeu. Acordou 8 da matina sem nenhum rancor, sorrisão no canto da boca. Nego, tu tá fazendo o que tu gosta! Tu deu furo nacional no jornal de hoje. E ainda vai pra mais um dia de luta na porta de alguma faculdade por aí. Não vai ver família hoje, não vai ver corrida hoje, muito menos o clássico em que teu tima vai quebrar tabu. E mesmo assim vai estar estranhamente satsfeito contigo mesmo. É muito esquisito mesmo esse papel de embrulhar peixe amanhã no Ceasa...
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Surreal dia de Finados
Daí o cabra acorda meio sem saber onde está. Pisca três vezes enquanto pensa, recorda de leve a noite. Leve é tudo que a cabeça não tava naquela hora. Pelo menos o teto não roda, meno male. Ao seu lado belos cabelos dormem, o rosto virado pra lá. Está com todas as roupas no corpo. Dormiu de calça jeans, literalmente. Uma música alta vem de fora. Putz, é Ivete, fase antiga. Doeu a cabeça, pronto, ressaca diagnosticada. Garrafa d'água gelada goela abaixo. Almoço de funghi com os amigos, ele ri, mas está tonto ainda. Sorve coca-cola como ar, ri de novo e de novo.
Viaduto Santa Ifigênia, rapaz, como é lindo aquilo ali, pensa. O sol bate no meio do vão central. Atravessam escutando soar os sinos do Mosteiro de São Bento pelos vidros do prédios do vale. Sinfonia de sinos. Entram, os olhos dele brilham ao descobrir que não conhecia a mais bela igreja de sua cidade, isso porque mal olhou em volta. Parou e escutou com afinco o canto gregoriano. Ver o que é belo melhorar é sempre entusiasmante.
Saíram da casa de Deus. Olharam para o viaduto, três rapazes ensaiavam passos de funk. Alguém grita, atrás deles onde havia nada agora vem uma multidão. Nossa, é a Zombie Walk, diz o amigo. E começa um festival de figuras mórbidas e divertidas fazendo o ressacado sorrir besta por ver pessoas se juntarem, ocuparem o espaço público e se divertir. Isso não é normal.
O Vale do Anhangabaú tomado por criaturas horripilantemente bem humoradas, rockn' roll rolando, tudo na paz, pouco álcool e pouco stress. Se divertir, numa boa, com manchas de groselha pelo corpo, dando risada, repensando a relação com a morte. Pode ser light, deve ser light, reflete. Param diante de um sound system, estilo jamaicano de se divertir nas ruas, com caixas de som e muito dub, no vinil, coisa fina. Ele não entende da coisa, mas gosta. O céu azul, venta friozinho.
Ele quer porque quer ver Tropa de Elite 2 de novo. Não ficou satisfeito com uma única dose de indignação. Compram ingresso para o filme, cine Marabá, onde não entrava há mais de 10 anos, tranquilamente. Já está na cena em que Nascimento estea nascendo como sub-secretário de segurança pública. Ele já sabe o roteiro, mas os olhos lêem como um horizonte novo.
Atordoada, a amiga sai chorando, desesperada com o retrato assustador do País. Ipiranga com São João, o leitor cantarola a melodia. Uma van bate num motoqueiro. Pelo menos não viu sangue de verdade, bastou o dos zumbis de mais cedo. Deixou a amiga em casa, pensou que a semana começa quarta, apesar de ter trabalhado nos últimos dias. Coisa boa.
Atravessou pela segunda vez o viaduto, pensou pela segunda vez como era lindo, relembro que a mãe há pouco tempo lhe contou que foi obra do arquiteto Gustave Eiffel. Entrando no metrô, avista sujeito sem rumo, aparentemente rejeitado. Ele se aproxima, diz que precisa ir para Artur Alvim. Recebe uma passagem, no caminho vai contando que acabou de sair de Presidente Bernardes, onde ficou por seis anos e que via a rua pela primeira vez.
Estava mais zonzo que um zumbi, mas contou que foi por tráfico de drogas e que a cicatriz em seu rosto foi de facada na cadeia, retalhada com morte. Olha, não é normal escutar de alguém que matou alguém, especialmente mais de um, assim como Capitão Nascimento. E a coleção de cadáveres zanzando pelo centro fazia agora um estranho sentido no fim do dia.
Viaduto Santa Ifigênia, rapaz, como é lindo aquilo ali, pensa. O sol bate no meio do vão central. Atravessam escutando soar os sinos do Mosteiro de São Bento pelos vidros do prédios do vale. Sinfonia de sinos. Entram, os olhos dele brilham ao descobrir que não conhecia a mais bela igreja de sua cidade, isso porque mal olhou em volta. Parou e escutou com afinco o canto gregoriano. Ver o que é belo melhorar é sempre entusiasmante.
Saíram da casa de Deus. Olharam para o viaduto, três rapazes ensaiavam passos de funk. Alguém grita, atrás deles onde havia nada agora vem uma multidão. Nossa, é a Zombie Walk, diz o amigo. E começa um festival de figuras mórbidas e divertidas fazendo o ressacado sorrir besta por ver pessoas se juntarem, ocuparem o espaço público e se divertir. Isso não é normal.
O Vale do Anhangabaú tomado por criaturas horripilantemente bem humoradas, rockn' roll rolando, tudo na paz, pouco álcool e pouco stress. Se divertir, numa boa, com manchas de groselha pelo corpo, dando risada, repensando a relação com a morte. Pode ser light, deve ser light, reflete. Param diante de um sound system, estilo jamaicano de se divertir nas ruas, com caixas de som e muito dub, no vinil, coisa fina. Ele não entende da coisa, mas gosta. O céu azul, venta friozinho.
Ele quer porque quer ver Tropa de Elite 2 de novo. Não ficou satisfeito com uma única dose de indignação. Compram ingresso para o filme, cine Marabá, onde não entrava há mais de 10 anos, tranquilamente. Já está na cena em que Nascimento estea nascendo como sub-secretário de segurança pública. Ele já sabe o roteiro, mas os olhos lêem como um horizonte novo.
Atordoada, a amiga sai chorando, desesperada com o retrato assustador do País. Ipiranga com São João, o leitor cantarola a melodia. Uma van bate num motoqueiro. Pelo menos não viu sangue de verdade, bastou o dos zumbis de mais cedo. Deixou a amiga em casa, pensou que a semana começa quarta, apesar de ter trabalhado nos últimos dias. Coisa boa.
Atravessou pela segunda vez o viaduto, pensou pela segunda vez como era lindo, relembro que a mãe há pouco tempo lhe contou que foi obra do arquiteto Gustave Eiffel. Entrando no metrô, avista sujeito sem rumo, aparentemente rejeitado. Ele se aproxima, diz que precisa ir para Artur Alvim. Recebe uma passagem, no caminho vai contando que acabou de sair de Presidente Bernardes, onde ficou por seis anos e que via a rua pela primeira vez.
Estava mais zonzo que um zumbi, mas contou que foi por tráfico de drogas e que a cicatriz em seu rosto foi de facada na cadeia, retalhada com morte. Olha, não é normal escutar de alguém que matou alguém, especialmente mais de um, assim como Capitão Nascimento. E a coleção de cadáveres zanzando pelo centro fazia agora um estranho sentido no fim do dia.
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