quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Segunda à segunda
Querem respostas, querem clareza. Esperam mais do que um 'é, é isso mesmo'. Não conseguem todo dia declarações bombásticas, nem furos de reportagem, muito menos algo que mude a vida de alguém. É glamuroso? É sim, vó. Para quem tá de fora. No dia a dia, na rotina, na orelha suada de tanto ficar pendurada ao telefone, nos dedos que doem no final do dia, nos garranchos que precisa-se decifrar no bloquinho, a coisa é labuta como qualquer outra. Dizem que não paga bem, mas nem todo reconhecimento vem com depósitos em conta bancária. Há satisfações que não são pagas em dinheiro. Um sorriso, uma descoberta, um furo, o nome impresso ali, uma história, um flagrante, uma fofoca, um fato. Aliás, acho que esse texto só começou para concluir que ser jornalista é bom, de fato.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Nobre irmão
Precisava deixar registrado isso, mesmo que com uma semana de atraso. Para eu não esquecer, para ele não esquecer.
Moleque, eu lembro como se fosse ontem o dia em que eu fui às 6hs da manhã diante daquele portão meio sombrio na Vila Mariana. Já faz tempo, agora chegou tua vez. Pois é, coisa de todo homem, dever com a pátria, é dever cívico, é um blablablá dos infernos. Mas faz parte, encare como um ritual de passagem. Espero que sejas dispensado logo, que não tenha a má sorte que teve seu irmão de ir até a última chamada e ser dispensado já com colegas tirando medidas para o uniforme e a boina na salinha ao lado. Que sua experiência militar seja de alguma forma enriquecedora e que sirva para algo mais do que matar algumas horinhas de aula, e de sono, em madrugadas difíceis de acordar.
Moleque, eu lembro como se fosse ontem o dia em que eu fui às 6hs da manhã diante daquele portão meio sombrio na Vila Mariana. Já faz tempo, agora chegou tua vez. Pois é, coisa de todo homem, dever com a pátria, é dever cívico, é um blablablá dos infernos. Mas faz parte, encare como um ritual de passagem. Espero que sejas dispensado logo, que não tenha a má sorte que teve seu irmão de ir até a última chamada e ser dispensado já com colegas tirando medidas para o uniforme e a boina na salinha ao lado. Que sua experiência militar seja de alguma forma enriquecedora e que sirva para algo mais do que matar algumas horinhas de aula, e de sono, em madrugadas difíceis de acordar.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Piloto de espetos
Na média todo mundo gosta de mal passada. E todo mundo quer dar pitaco. Joga o carvão antes, joga por cima, não, por baixo, isso, o álcool, não, tudo isso não, sim, pode pôr mais. Meio terapeuta, meio ditador, eis o dilema de quem está pilotando uma churrasqueira. Ainda mais para mais de 60 pessoas. Um brinde aos vegetarianos que poupam algum trabalho, uma vaia àqueles que vêm cobrar abobrinhas e cebolas assadas como se fossem obrigação. Pô, quer verdura vai no Ceasa. Pra quem não come carne tem cerveja. Aliás, acho que já disse aqui que churrasco sem carne acontece, mas churrasco sem cerveja simplesmente não há. Suco de cevada fermentado é óleo na engrenagem do churrasco, e também nas mãos e na garganta no churrasqueiro. Sem fazer força seu canto é tão concorrido quanto a cabine de um DJ na balada, especialmente se por alguma razão (fome) as pessoas tiverem motivos para não sair dali (linguiça, picanha, bisteca, franguinho, etc...). Exerce papel de rei travestido de plebeu, sempre suado, sujo. A diferença dele pra banda é que se a banda para, todo mundo percebe imediatamente. Já o piloto de grelha só tem sua ausência sentida na hora que a barriga ronca. Em geral não tem reconhecimento, mas tem moral. Não pega ninguém, mas come o quanto quer. Tipo aquele motorista da rodada, que supostamente não bebe, mas no fundo, bem lá no fundão do churrasco, se diverte.
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