Não tem nada mais em branco do que meu mural. Vazio, cheio de liberdade para tudo o que eu quiser afichar nele. Na verdade não está em branco porque não é o mural do facebook. Não que eu tenha uma vida social que seja tudo isso, mas ele não está em branco porque é de cortiça, old school mesmo, com tachinhas, boa parte delas coloridas e gastas. O antigo mural se dissolveu, estava muito parado, há muitos anos. Mudou de lugar, ganhou parede e vida nova. Renasceu.
Sei lá se eu faço um mural caprichado ou se ele vai refletir meu compasso do dia a dia, com intensidade, mas sem muitos retoques. Sendo assim, não haverá muitos esmeros e milongas. Mural com pouca coisa é mais feio do que vazio, dá a impressão de que o dono tem pouca coisa em mente. Não sei que foto colocar, ou bilhete, ou ingressos de show, exposição ou cinema.
Quem sabe o do último filme que assisti no Belas Artes, ou então do Cidade de Deus. A surrada entrada do Rock in Rio de 2001 ou a do inesquecível AC/DC em 2009? Do Paul? Do Rage? Fotos de alguma paisagem? Daquela menina bonita? De momentos que me são gratos? Ou se deixo assim vazio, como a tela irritantemente em branco que vi e achincalhei numa Bienal anos atrás. Quem sabe não seja o mural das minhas próprias mudanças?
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Desabafa, querido.