segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Distorcendo o nariz

De todos os meus sentidos que não funcionam - ou seja, quase todos -, o que provavelmente menos foi agraciado é o o olfato. De rosas, de pizza, de maconha ou maresia. Sinto pouco cheiro, quase nada. A ineficácia é tamanha que todo cheiro que sinto, duplico mentalmente para tentar entender a dimensão. Sinto cheiro na imaginação.

A rinite é uma espécie de miopia com hipermetropia nasal, temperada com astigmatismo. Uma calvíce crônica dos odores. Cada vez mais você sente menos odores. E trabalhar na Marginal do rio Tietê, por supuesto, não melhora em nada isso, mas até que a rinite ajuda a não sofrer tanto.

Mas algumas vezes, meio que subitamente, a narina se abre que nem perna na zona. Uuuuuuu. E a enxurrada de informações olfativas demoram um tempo para serem processadas. Confesso que alguns abraços femininos induzem essa reação. Um brinde às cheirosas.

Cigarro é outra coisa que faz meu nariz apitar. Não tem jeito, acendeu um careta do meu lado, eu acabo torcendo o nariz. Pode até ser uma cheirosa, cigarro é chato. Claro que eu não saio correndo, mas já deu vontade.

Certa vez me ofereceram um tal de Afrin, me garantindo que seria uma espécie de óculos que clareariam o meu olfato, me fazendo respirar numa nova dimensão. De fato, a sensação é maravilhosa, mas altamente viciante. Como míope - ocular, claro - devo confessar que muitas vezes gosto de ficar sem óculos só pra curtir o mundo numa nova dimensão. Fica meio impressionista, tudo borrado, até mais bonito. E acho que por isso não me atrevo a virar usuário de Afrin e afins, para manter esse quase impressionismo olfativo.

Um comentário:

Desabafa, querido.