domingo, 10 de junho de 2012
87 anos de despertar
Despertar não é simples, muito menos algo sempre suave. Ainda mais depois de fazê-lo diariamente todas as manhãs durante 87 anos. O doce despertar dela tinha os ares frescos de uma manhã de sol, mas era uma fria e chuvosa tarde de outono. Sem o vigor da juventude e com as rugas do viver, ela surpreende. Tenra, bem humorada, aperta a mão. Escolhe uma risada, dá um bocejo. Vai ligando as ideias pós-siesta. Piano piano. Elogia a bolsa de água quentes nos pés, ô coisa boa. Só quero ficar quentinha, essa casa é gelada e eu sou friorenta. Gosto de dormir. Sim, vamos jantar, oba, pizza. Ah, que gostoso esse cafuné. Neto é bom, né? Vó é bom, né?
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Desabafa, querido.