segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Bandido ou consultor de porra nenhuma?

Deu muito o que falar a reportagem sobre os dias atuais do ex-manda chuva e mais novo semi-cabeludo-implantado do Brasil, José Dirceu, na Revista Piauí desse mês. Intitulada "O consultor", a história foi o carro chefe da edição número 16. Tiveram até que repor nas bancas. Mas o que será que é tão importante que essa criatura tem a dizer e que todos querem ouvir?

E o pior é que a brilhante Daniela Pinheiro conseguiu chegar num grau irritante de imparcialidade, sendo descritiva ao extremo, sem beirar em momento nenhum a monotonia. São mais de 50 mil toques, que passam voando, em poucas horas, numa tarde agradável. Recomendo a leitura impressa, que dá pra ir parando e refletindo.

Viagens como cidadão especial, carros de embaixada esperando e tratamento de herói militar. A repórter ficou 6 dias na cola do ex-ministro. Em 6 dias pingou por Lisboa, Madrid e Santo Domingo. Com direito a conexão perdida e brados de "vou fretar um jatinho". Só de ouvir essa frase já fico pensando o quanto ele não deve ter se usado de nossa verba para se dar ao luxo de perder conexões. Ah, e como sabe se dar ao luxo...

Vinhos dos mais caros, restaurantes onde 90% da população desse país aqui jamais poderia sonhar pisar... E a criatura gosta de rum, e entende. Tem pedigree cubano e moléculas de sangue armazenadas em algum velho bisturi dos anos 70. Já mudou de cara, mas continua de cara lavada. Até quando xingam ele.

Por sinal, disparadas as melhores partes da reportagem são aquelas em que alguém em algum saguão de aeroporto ou restaurante reconhece e profere belas vaias e ofensas ao personagem. É bonita sua luta em tentar se tornar um cidadão comum. É aí que mora o lirismo da reportagem.
Hoje, se auto-denomina consultor. Segundo mamãe dizia, consultor é um cara chato, que nenhuma firma (ou governo) pode mais suportar, que fica em casa trabalhando de pijama no sofá.

Não imaginava o grau de vaidade de Dirceu até ler que ele não dorme sem passar hidratante. Detalhe: em Madrid sua mala foi estraviada. E tome comprar roupinhas novas e o tal creminho imprescindível. Não fiquei espantado em ler, alguns dias depois, que ele havia implantado centenas de fiozinhos de cabelo. Se você visse uma foto da cabeleira dele nos idos de 64 entenderia o que ele perdeu.

E assim, na cabeleira de Dirceu o Brasil luta para não esquecer os tempos em que o vaidoso cidadão de sotaque caipira carregado comandava o nosso barco.
Ele jura que é inocente. E você, tem tanta certeza?

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