Eu tava na farmácia na última sexta-feira por decorrência de uma forte gripe que me assola e na fila de espera havia um telão enorme com uma big band formada por tiozinhos calvos ou semi calvos que cantavam com afinco hits para uma platéia de pessoas sentadas que deveria ser no falecido Olímpia, na Lapa. Deduzi que era o Roupa Nova, pois já vi o baterista em algum lugar e reconheci seus simpáticos mullets.
As big bands são interessantes conglomerados de "chapas" que se que aparentam se conhecer há muito tempo. Há em sua essência algo implícito no estilo familiar e desleixado do "chama alguém pra tocar baixo aí", "conhece alguém que toca sax?" e assim as formações vão ficando cada vez mais encorpadas. Quando chega a hora da coisa ficar séria é engraçado porque, normalmente, os barzinhos e restaurantezinhos adeptos de música ao vivo não dispõem de grandes espaços e a turma muitas vezes tem que se dividir entre as mesas, ou mesmo fazer apresentações com a formação orginal parcelada.
Me pergunto: Quando e se o sucesso começa a aparecer, algumas pequenas questões passam a vir à tona. O cachê oriundo do tal "couvert artístico" tem que ser fracionado de forma igual? Ou há membros mais importantes? Tem aquele que teve a idéia, o que empresaria, o que faz a logística? Será que não é aí que começa a nascer o famigerado ego, que ruiu com tantos e tantos grupos mundo afora?
Assim como o Roupa Nova tem cara de big band de churrascaria de São Bernardo, cada big band se assemelha a algum contexto. Por exemplo, para mim os Titãs tem pinta de big band de show gratuito na praça Charles Miuller em tarde domingo cinzento. Já a Banda Mantiqueira parece um grande conglomerado de velhos músicos adeptos do "não deixe a boa música morreeeer". O Funk Como Le Gusta parecem felizes amigos de monótonos finais de semana paulistanos que se juntam pra fazer uma sonzeira e que viram qeu a coisa poderia embalar mais e pôr nego pra tremer.
No entanto, a Dave Matthews Band me passa uma impressão de que é um sistema assaz ditatorial e fica bem claro quem está com o chicote ali. Existem tantos outros... Pra minha alegria, acabo de constatar, conheço alguns membros de uma big band que está conquistando mais admiradores a cada show. Os oito integrantes do Seis Sextos (sim, são oito!) tocam um samba e um choro que me levam aos ares alegres da praça Benedito Calixto num sábado ensolarado, repleto de gente querida em volta. Com cervejinha e aquela malemolência implícita no ar. E fazem mostrar que cada membro de uma big band vale a pena por si só.
segunda-feira, 23 de março de 2009
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Desabafa, querido.