quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Sobre chacretes e panicats


Estréia do filme Alô Alô Terezinha, Reserva Cultural. Cheguei com boa antecedência. Saco umas câmeras, balbúrdia e logo entendo que estão Silvio e Vesgo gravando pro Pânico na TV. Ok. Vesgo vestido de Chacrinha. Ok. Panicats vestidas de chacretes. Ok. Não me lembro de ter visto mulheres-objeto tão bem lapidadas como elas, realmente gostosíssimas e dançando no lugar, sem música, vale ressaltar. Verdadeiros bibelôs, artigos de design para contemplar. De mentira? Claro que sim, mas se ficção não fosse bacana, George Lucas ainda seria produtor de garagem. Enfã, após os primeiros instantes embasbacado olhando praqueles glúteos de meu deus, me peguei pensando:

- O que elas pensam? Será que elas pensam? Será que alguém tem que pensar por elas? Pensam no futuro? Pensam que a estética é efêmera? Sabem o que significa “efêmera”?

Enquanto os dois humoristas faziam piadas bizarramente sem graça com os convidados, especialmente desdenhando do atual estado das carcaças das antigas assistentes de palco de Abelardo Barbosa, as duas panicats dançavam incessante e agonizantemente no lugar, sempre sem música. Eu me pensava:

- No que elas estão pensando?

Tudo isso é de se esperar, bem previsível. Eu só não sabia que era estréia quando meu amigo chamou. Beleza, o filme era pra começar às 21, depois às 21h30, mas foi só meia hora depois que começou. Não sem antes o diretor aparecer na frente da sala escoltado por meia dúzia de chacretes de verdade, já sessentonas, incluindo Rita Cadilac e Monique Evans, que consegue ser mais vulgar que todas juntas.

O filme é bom e não é uma biografia do Chacrinha, acredite. Mostra como circularam e como tanta gente foi influenciada por seu universo. É a história das expectativas e dos sonhos dos artistas, calouros e assistentes que andaram ao lado dele. Um retrato da decadência humana. Dá pra gargalhar, melhor que qualquer comedia. Mas dá pra se lamentar também. E eu saí pensando:

- Será que as panicats viram o filme? O que será que elas pensaram? Será que entenderam? Será que sabem o que é gravidade?

2 comentários:

  1. Os peitos são iguais a edifícios, quando está crescendo ninguém imagina que um dia aquilo vai desabar...

    Será que elas imaginam?

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  2. Como se dizia nos tempos do Velho Guerreiro, esse evento de preestréia foi um autêntico happening. Uma metáfora do lado mais inconsequente da sociedade de consumo. Uma celebração da descartabilidade de tudo e de todos(as). Em outras palavras: o aperitivo ideal pra esse filme.

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Desabafa, querido.