Entrar no Anhembi e ir pra concentração. Estacionamento não tão cheio de carros, mas de cores. Cada componente é uma célula, procurando sua ala para forma uma espécie de órgão respirante e mutante. Que saudade desse respirar. Encontrar amigos, escutar e afinar o enredo. Cerveja, duas por cinco. Amigos vestidos de gari, prosa. Nossa fantasia vem com um camarada chamado Medonha, sim, ele mesmo, da velha-guarda da escola. Queria porque queria que a gente saísse de terno branco e chapéuzinho, junto com os senhores e senhoras da vermelho e branco.
Não, obrigado, não merecemos tal manto.
É tudo improvisado, é, mas vamos de Iansã e Xangô, protetor fiel, fantasia grande e emperequetada. Estalam os cavacos, tamborim assovia dilacerante, não dá mais pra voltar. Linha amarela, começa o desfile, enredo, improviso na ponta da língua. Os refrões saem como se os cantasse desde pequeno. Ela sorri, é o que importa, não queria estar em nenhum outro lugar do mundo, todos sorriem, mãos dadas. Êxatase é entoar o canto em coro e não ser mais, ser pura e simplesmente aquilo tudo. A testeira amassando as têmporas e nem sombra de uma dor de cabeça. É ver o povo não cantando o seu enredo, pois sua escola não é a mais popular, mas sequer cogitar desanimar. São 500 metros da mais pura felicidade, diria um cientista menos cético.
Sim, minha escola foi rebaixada, e sim eu dou risada das piadas. Eu mesmo as faço. Sim, eu não levo isso tão a sério. Sim, eu não passei o ano inteiro montando o desfile. Sim, eu quero participar da ascensão ano que vem. E sim, vou decorar muito mais do que os refrões. E sim, eu quero ver a escola ser campeã.
Ah, e se você não sabe quem é o tiozinho fantasiado de Wally aí em cima, ele é simplesmente o nome da escola em carne e osso. Ou melhor, barriga e sorriso.
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Desabafa, querido.