sexta-feira, 21 de maio de 2010

Aquele lugar

Tem cheiro de erva doce, um perfuminho familiar. Em todo canto tem objetos que são como cartões de embarque para decolagens da memória. Tudo que de alguma forma fez parte de mim está ali, ou pelo menos parte de tudo. Aquele lugar me conhece como ninguém, me sinto netinho correndo em casa de vó. Mas a dona não é matriarca, é a vida. A vida que me fez voltar para lá com aqueles olhos, com os sentidos aguçados. Sempre piso ali, mas não como dessa vez. Chovia, cheirava, plantinhas de muitos odores. Cachorra histérica, agitada, antagonizava com a disritmia do meu respirar. Que moleza que me possuía quando acordei daquela siesta. Colchão de nuvem, voei por mares de descanso e de leveza. Aquele sábado poderia durar pra sempre, até porque a noite não terminou bem. Conforto é o carinho que um ambiente nos dá, e ali as paredes parecem fazer cafuné. Na marcha lenta, o sono da semana acumulado, a vontade de curtir o sábado irritando o anjinho que só queria a horizontal e tchau. Banho potente, a água caía dilacerando as células recém despertadas, desconforto. Mas o calor, o vapor, transformariam toda dor em conforto e tranquilidade. Não me tire deste banho nunca, não quero girar a torneira em sentido horário. Deixar a água escorrer é estilingar problemas, mau olhado. Bungy jump sem volta de energia inservível, sai coisa ruim. Massagem capilar de um netuno encanado, saudades do velho lar. Mais de um ano sem ver o mar, acredite. O Pacífico não conta, é sacanagem. O Atlântico é mais que pacífico para mim, aprendi a me acalmar ali, a deslizar ali, a tomar caldo e a respeitar o oceano ali. Ainda volto pra lá, com certeza eu volto pra lá. Naquele lugar, onde eu quiser.

Um comentário:

  1. Sei bem o que é isso... Como sei!Talvez saiba melhor hoje do que amanhã se bem me conheço mas... rs

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Desabafa, querido.