quinta-feira, 1 de julho de 2010

A cagada de Sergio

Acordou naquela manhã e viu que não tinha feito direito. Que nada do que pensava ter completado estava no lugar, não resistiria a uma pergunta mais bem colocada do chefe. Parecia feito para dar errado. Sergio fez o raciocínio errado, projeto errado, execução então, vixe. Para quem iria a culpa, já que toda a culpa era dele e só dele?

Como é que um cagão que nem eu vai explicar uma merda duma ideia dessa? - pensou alto pela rua de dúvidas. Pedir ajuda, pra quem? Não, o Jonas da Coordenação, não. Nossa, muito menos para a Ju do Institucional. Quem sabe o Torres, aquele baixinho com tique lá da Supervisão 2 pode dar um tapa até o final da manhã e me ajudar a entregar uma... merda menos fedida, digamos assim. Até aqui não parei de pensar em voz alta, cansei de ser olhado de fora.

Vamo mudar essa visão. Sou o Sergio, levei com a barriga, fiz cagada, não cumpri com minha responsa e agora quero empurrar a merda pra alguém. É, tô legal de tomar come de chefe corno e sem moral. Era um projeto medíocre e tosco que ninguém ali faria melhor. Então lá fui eu levar com o pé nas costas sabendo no fundo que não ia dar em nada.

Mas pego na surpresa fui quando me avisaram que não daria para resolver a bosta que eu tinha feito e muito menos deixar bonito para os acionistas verem. Ia voar dejetos em todas filiais. Não teve relatório, protocolo, ameaça que fizesse aquilo se organizar. Estava fadado ao fracasso. A apresentação era às 9 em ponto, e o diretor da bagaça gostava de ficar ali na porta do elevador gritando com quem atrasasse um minuto.

Cheguei sete minutos atrasado, esbaforido, pizza debaixo do braço. Chacota. Peguei elevador, ouvi gritos ao fundo, me apressei. Subi, sala de reunião. Pen drive no data show, ô power point lento da porra, não entra. Vai, abre logo. Pronto, abriu. O crápula estava entrando na sala e eu ia apresentar aquela merda, aquela bela merda, devo acrescentar. Nem um moleque da UNIP faria uma daquelas, Sergio, como você é cabaço. Ele pegou um café, puxou a cadeira, olhou pra minha cara com cara de quem vai tirar sangue, pro telão com cara de deboche. Abriram a porta, era uma secretária:
- Pessoal, jogaram um avião nas torres gêmeas.

Sergio, no caso eu, nem sabia quem era Bin Laden, mas já agradecia a ele.

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