Carnavalizar é perder a preguiça de aceitar a ordem das coisas. Entender que cada coisa tem seu ciclo e que não há mal nenhum em colocar cada um deles em prática. Quem não pensou em fazer jamais pode ter deixado uma ideia guardada. Quem não guarda ideias não guarda vontades. Como por exemplo, vontade de ser um pouco diferente do que se deve ser de segunda a segunda, o ano todo, na rotina do dia de branco.
Se eu caio no suíngue é pra me consolar. Pode parecer bagunça para você, mas para mim carnaval é uma das épocas mais sérias do ano. Não, não organizo bloco nem tampouco tenho responsabilidades como carnavalesco de escola alguma. Não fico de plantão (pelo menos não dessa vez) e não acompanho ponto a ponto a apuração.
A seriedade está na tomada de consciência do momento que ele representa no contexto do ano. É olhando de longe, vendo aqueles ínfinmos 5 dias em meio aos 365 que percebo o quanto são preciosos. O quanto não são comuns e o quanto podemos (e devemos, na minha modesta opinião, usufruir). Quando mais no ano é tão permitido permitir?
Não se trata de sair se jogando em quaisquer braços, embora isso seja demasiadamente aceito e encorajado. Nem mesmo de embriagar-se como se não houvesse amanhã - porque daí você vai lembrar do quê?. Quem sabe seja sobre festejar uma catarse, um transe coletivo de desejo de bem estar mútuo, ainda que efêmero. Talvez seja sobre ser feliz, sobre possibilidades, sobre entender liberdades, sobre escolher liberdades. Sobre ser livre, ainda que de mãos dadas com alguém ou com a cabeça em alguém, não importa.
O que importa é que não pode ser normal. Não pode ser mais um feriado. Em qualquer outro país até poderia, aqui não. Nosso País tem isso no DNA, tudo bem que não é todo mundo que sabe que tem, mas qualquer um pode querer encontrar. Quando a pessoa consegue perceber a graça da fantasia, do deboche, da brincadeira, ela se medica, se cuida, se trata, trata bem a si e ao anônimo ao lado. E se faz dona de si, das ruas, e do mundo.
*Muito, mas muito obrigado mesmo a todos que pisaram naquele Rio de Janeiro e, sem saber, fizeram com bom humor, malícia, respeito, molejo e paz, o melhor carnaval da minha vida.
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de nada, heheheh... e se sempre fosse carnaval? ai sim cairiam as mascaras e a fantasia mais sincera seria a cara de cada um!
ResponderExcluirSei lá se seria a mesma coisa, mas seria diferente do que é hoje. uma possiblidade para aumentar a transparência. não que isso seja agradável o tempo todo. talvez seja a raridade disso que torne esse momento tão agradável.
ResponderExcluirvaleu!