quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ai, ai, ai, ai, tá chegando a hora


O fluxo de ar que fazia a temperatura do meu nariz congelar na noite da última terça-feira - aka ontem - nem me fez desconfiar de que trazia duplamente os bons ventos do fim de ciclo.

Por um lado, é óbvio que eu estava ali naquele tobogã pacaembuense para uma despedida. Um triste, mas bonito e necessário adeus. Mais que útil, justo, com dignidade. Daqueles que valem por si só, pelo ritual, que só de existirem já são digníssimos. Despedidas assim são corretas e marcam o ponto final de um movimento - no caso dele - de uma carreira que valeu a pena. Tanto para ele quanto para o Brasil.

A uns mil quilômetros do Pacaembu, no Planalto Central, mais precisamente no palácio homônimo, um outro gordo, também se despedia. Muito menos carismático, muito menos craque e muito menos útil e relevante para a nação. Aquele que não tinha nada porque se despedir, pois nem sequer deveria estar ali. Muito menos mandando e desmandando.

Se tem um dos dois fora de forma que tem moral para ser estadista, sem dúvidas é o que foi flagrado com travestis num motel na Barra da Tijuca. Já o flagrado - twice, btw - fazendo falcatrua, é quem sempre sonhou com esse posto. Em vão, espero. Ora se utilizando de seu poder para bisbilhotar o sigilo bancário alheio, ora multiplicando seu patrimônio às custas do seu e do meu dinheiro.

A sensação de dever cumprido nos olhos lacrimejantes do rechonchudo atacante no centro do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho carregava a sobriedade e sinceridade de um estadista ideal. Não que fosse perfeito, mas tinha consciência de seus atos, gostava de servir o Brasil - claro, também serviu sua conta bancária, só que honestamente - e de fazer algo para alegrar, nem que por um grito de gol, a vida de milhões de pessoas. Apesar de fácil, aquele sorriso nunca foi amarelo.

A única coisa em comum entre Ronaldo e Palocci é que ambos estão gordos e largaram suas funções oficiais ontem. Por enquanto, a despedida ruim é a do futebol e a boa é a do campo político. A pena é que Ronaldo não volta aos gramados. E o outro não só volta a atuar, como certamente ainda vai atacar o seu bolso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Desabafa, querido.