O Santos jogava, escutava no rádio. Caminhava. Metrô Santana. Bela noite fria de junho. Um a zero. Passei a catraca. Som gostoso, um piano ali no canto. Que bom que não tem mais só na Luz ou na Sé. Colocar pianos pelos cantos das estações e das cidades deveria ser lei municipal. Colorem o ambiente, divertem o som, apesar de frequentemente serem marrons cor de carvalho.
Muito bem tocado, entusiasmante. Leve, profundo. Tirei os fones do ouvido. Não tinha porque priorizar a afoita locução diante de um gesto de tamanha solidariedade. É de uma elegância ímpar quando alguém que detém a habilidade, quando não dom, de tocar um instrumento se propõe a dividir seus conhecimentos com os outros.
E nessas horas não é necessário saber o que está sendo tocado, apenas que pareça ou que soe belo. E isso sem dúvidas acontecia demais naqueles instantes. Era um homem alto, de rosto magro, angulado. Confesso que atravessaria a rua em condições normais. Jamais meu preconceito me permitiria imaginar que detinha tamanha arte nos dedos e menos ainda que era tão generoso.
Outros três transeuntes pararam o que faziam, e foram ali ganhar alguns minutinhos. Quem sabe atrasem uns 10 minutos. Mas assim como eu, acredito que chegarão em seus lares com o espírito melhorado, aliviado. Inspirado ou não pelos belos acordes, ao mesmo tempo lá no Paraguai, Neymar marcava mais um gol para o Santos.
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Desabafa, querido.