quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Sobre chacretes e panicats
Estréia do filme Alô Alô Terezinha, Reserva Cultural. Cheguei com boa antecedência. Saco umas câmeras, balbúrdia e logo entendo que estão Silvio e Vesgo gravando pro Pânico na TV. Ok. Vesgo vestido de Chacrinha. Ok. Panicats vestidas de chacretes. Ok. Não me lembro de ter visto mulheres-objeto tão bem lapidadas como elas, realmente gostosíssimas e dançando no lugar, sem música, vale ressaltar. Verdadeiros bibelôs, artigos de design para contemplar. De mentira? Claro que sim, mas se ficção não fosse bacana, George Lucas ainda seria produtor de garagem. Enfã, após os primeiros instantes embasbacado olhando praqueles glúteos de meu deus, me peguei pensando:
- O que elas pensam? Será que elas pensam? Será que alguém tem que pensar por elas? Pensam no futuro? Pensam que a estética é efêmera? Sabem o que significa “efêmera”?
Enquanto os dois humoristas faziam piadas bizarramente sem graça com os convidados, especialmente desdenhando do atual estado das carcaças das antigas assistentes de palco de Abelardo Barbosa, as duas panicats dançavam incessante e agonizantemente no lugar, sempre sem música. Eu me pensava:
- No que elas estão pensando?
Tudo isso é de se esperar, bem previsível. Eu só não sabia que era estréia quando meu amigo chamou. Beleza, o filme era pra começar às 21, depois às 21h30, mas foi só meia hora depois que começou. Não sem antes o diretor aparecer na frente da sala escoltado por meia dúzia de chacretes de verdade, já sessentonas, incluindo Rita Cadilac e Monique Evans, que consegue ser mais vulgar que todas juntas.
O filme é bom e não é uma biografia do Chacrinha, acredite. Mostra como circularam e como tanta gente foi influenciada por seu universo. É a história das expectativas e dos sonhos dos artistas, calouros e assistentes que andaram ao lado dele. Um retrato da decadência humana. Dá pra gargalhar, melhor que qualquer comedia. Mas dá pra se lamentar também. E eu saí pensando:
- Será que as panicats viram o filme? O que será que elas pensaram? Será que entenderam? Será que sabem o que é gravidade?
terça-feira, 27 de outubro de 2009
No pacote
Duas amigas pero no mucho se encontram depois de mais de 15 anos durante o casamento do filho mais velho de uma terceira amiga em comum.
- Nossa, quanto tempo!
- Pois é, como você tá?
- Bem, na medida do possível!
- Olha, como você tá magra!
- Você também tá ótima.
- E aí, casada ainda?
- Tô, na verdade com um novo marido, e você?
- Ótima, casada com minhas gatas, homem tá difícil, viu?
- Eu sei bem, é tanto problema. Mas meus seis cachorros também me fazem companhia.
- Seis? Precisa de um sítio pra ter seis cachorros.
- Ah, eles ficam num sítio lindo em Itapevi, que veio no pacote do casamento.
- Uau, o que mais veio no pacote?
- Um Mal de Parkinson, três pontes de safena e uma mamária.
- ...
- Nossa, quanto tempo!
- Pois é, como você tá?
- Bem, na medida do possível!
- Olha, como você tá magra!
- Você também tá ótima.
- E aí, casada ainda?
- Tô, na verdade com um novo marido, e você?
- Ótima, casada com minhas gatas, homem tá difícil, viu?
- Eu sei bem, é tanto problema. Mas meus seis cachorros também me fazem companhia.
- Seis? Precisa de um sítio pra ter seis cachorros.
- Ah, eles ficam num sítio lindo em Itapevi, que veio no pacote do casamento.
- Uau, o que mais veio no pacote?
- Um Mal de Parkinson, três pontes de safena e uma mamária.
- ...
domingo, 25 de outubro de 2009
Tem jeito?
A morte do coordenador do AfroReggae no domingo passado me deixou indignado a princípio. Porém, depois de ver as imagens dantescas protagonizadas pelo Capitão Bizarro, em que rouba e libera os ladrões/assassinos instante depois da ação, estou achando que morreu meu resquício de esperança de ver um dia o Rio incubar e difundir uma enraizada cultura de paz.
Esse vídeo foi feito hé muito tempo, quando trabalhei numa agência de propaganda que atendia patrocinadores do AfroReggae. Fomos visitar o trabalho deles nos núcleos do Complexo do Alemão, Parada de Lucas e Vigário Geral. Até hoje um dos dias mais bacanas que eu já vivi profissionalmente e como ser humano. Essa ONG é um puro exemplo de dedicação no corajoso propósito de dar uma nova saída àqueles que têm o tráfico como opção mais tentadora de futuro, ainda que todos saibam ser curto.
Estive lá há mais de 2 anos e rever essas imagens me lembrou de momentos marcantes, de sensações de esperança, de que "tem jeito". O Evandro aparece num frame na aultura dos 5'14", mas lembro que foi com ele que levei alguns dos melhores papos no decorrer daquele dia. Tinha um compromentimento com a idéia digno de comandante que acredita no seu navio até o fim. Infelizmente foi-se antes da embarcação, pelas mãos dos mesmos jovens cujas vidas tentava mudar diariamente. O barco continua e como quero acreditar que ainda "tem jeito".
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Breve história de Velório
Olhar sonolento, mas cheio de uma simpatia doce. Voz fina, lingua sutilmente presa, fala pausada, já pensaram que era gago, mas né não. Agora já calvo, contudo ainda tem charme, se é que brinco de pedrinha ainda pode ser considerado charme. Charm é o que ele fuma e o que exala dele, poroso. Foi atropelado três vezes em serviço, quem disse que é moleza ser aqueles operários que agitam bandeirinhas na estrada ou mesmo na cidade quando tem alguma obra na pista?
Antonio Carlos Ramos de Azevedo é nome de glamour, sobrenome de quem projeta edifícios-símbolo, marcos culturais. Mesmo dono de uma imponente nomenclatura, o sir é conhecido por toda a parte como Velório, a explicação há de vir mais abaixo. Claro que não apenas se fazia de quase morto, agitando flâmulas sem entusiasmo, vale frisar que pegava no duro também, peão mesmo. Como bem se sabe, tapar buracos não é arte, é ciência. E digamos que nosso herói era doutorando ou, quem sabe mais até, postulante a livre docente no tema.
A única possibilidade que se mostra para um acadêmico comum abandonar seu tema de estudo parece ser o tédio, uma enfadonha overdose do tema. Já no caso de Velório foram outras as razões de seu guinchamento. Por três vezes enquanto estava a serviço foi atropelado, após a última o médico deu um laudo que o o obrigaria a mudar de setor. Virou um carimbador de papel de luxo, office boy de 61 anos.
O que ele mais queria hoje de manhã era tapar um buraquinho, refazer uma capinha asfáltica aqui e ali, sentir o cheiro de piche do dever cumprido. Escrito assim parece até apetitoso, não? Mas no momento tem apenas uns carimbos a bater e processos a protocolar no departamento de cadastro de uma subprefeitura qualquer.
E tem amigos, claro. Joga conversa fora, conta piada, cartas de baralho e faz maço no truco. Sempre gostou de um mézinho de leve e foi numa noite mais embalada, muitos anos atrás que Antonio foi ao funeral da mãe de um colega de trabalho. No entanto, havia passado a tarde toda sorvindo água que babuíno não sorve. Na entrada do salão, sutilmente esbarrou no caixão. E como numa rima óbvia terminada em ão, foi velha prum lado, coroa de flores pro outro, ao melhor estilo pastelão. Pronto, o apelido grudou mais que piche em manta asfáltica.
Antonio Carlos Ramos de Azevedo é nome de glamour, sobrenome de quem projeta edifícios-símbolo, marcos culturais. Mesmo dono de uma imponente nomenclatura, o sir é conhecido por toda a parte como Velório, a explicação há de vir mais abaixo. Claro que não apenas se fazia de quase morto, agitando flâmulas sem entusiasmo, vale frisar que pegava no duro também, peão mesmo. Como bem se sabe, tapar buracos não é arte, é ciência. E digamos que nosso herói era doutorando ou, quem sabe mais até, postulante a livre docente no tema.
A única possibilidade que se mostra para um acadêmico comum abandonar seu tema de estudo parece ser o tédio, uma enfadonha overdose do tema. Já no caso de Velório foram outras as razões de seu guinchamento. Por três vezes enquanto estava a serviço foi atropelado, após a última o médico deu um laudo que o o obrigaria a mudar de setor. Virou um carimbador de papel de luxo, office boy de 61 anos.
O que ele mais queria hoje de manhã era tapar um buraquinho, refazer uma capinha asfáltica aqui e ali, sentir o cheiro de piche do dever cumprido. Escrito assim parece até apetitoso, não? Mas no momento tem apenas uns carimbos a bater e processos a protocolar no departamento de cadastro de uma subprefeitura qualquer.
E tem amigos, claro. Joga conversa fora, conta piada, cartas de baralho e faz maço no truco. Sempre gostou de um mézinho de leve e foi numa noite mais embalada, muitos anos atrás que Antonio foi ao funeral da mãe de um colega de trabalho. No entanto, havia passado a tarde toda sorvindo água que babuíno não sorve. Na entrada do salão, sutilmente esbarrou no caixão. E como numa rima óbvia terminada em ão, foi velha prum lado, coroa de flores pro outro, ao melhor estilo pastelão. Pronto, o apelido grudou mais que piche em manta asfáltica.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Morar no Brasil é...
Ser parado pela PM e tomar "aquela" geral no sábado.
Ser apresentado a um major e a um capitão na segunda.
O capitão bater continência para você.
!?!? sim, isso é Brasil pra caralho.
Ser apresentado a um major e a um capitão na segunda.
O capitão bater continência para você.
!?!? sim, isso é Brasil pra caralho.
Sobre euforia e realidade
Tá mais fácil eu ver o Corinthians ganhar uma Libertadores do que o Rubens ganhar em Interlagos. Ok, já me conformei. Precisava ter escutado minha avó, que ontem disse cautelosa diante do meu entusiasmo, 'não crie expectativas, filho'. E a danada tinha mais que razão. Fui me encolhendo no sofá volta após volta, erro de estratégia, a Brawn rendia pouco e a Red Bull do Webber estava com asas. Só o Kobayahsi me eletrizou, esse promete.
É verdade que o pneu furou, mas Rubens trocou, voltou pra pista e terminou a prova em oitavo. A torcida que vibrou na véspera com a pole era a mesma que teve bom senso suficiente para gritar seu nome no final. O retrato do Brasil se fez ali, confirmando a teoria do "Homem Cordial", de Sergio Buarque de Hollanda.
Curioso que no mesmo dia em que o humilde e calejado Barichello fez a pole position, o Rio de Janeiro estava em guerra. Pela 1ª vez eu um helicóptero da polícia foi abatido pelos traficantes, tantas e tantas vezes vi apreenderem armas anti-aéreas, finalmente entendeu-se que elas podem alvejar algo mais aéreo que um caveirão. Batalha pesada, uma mochila inteira com cartuchos deflagrados foi recolhida no local, oito ônibus incendiados, mais de 15 mortos. Tudo isso 2 semanas após a cidade fazer aquele belo teatro ao ser anunciada sede das Olimpíadas de 2016. Mas se o entusiasmo da festa do sábado serviu para consolar a frustração de domingo em Interlagos, tenha certeza que a guerra desde sábado não há nem de ser lembrada daqui a 7 anos.
É verdade que o pneu furou, mas Rubens trocou, voltou pra pista e terminou a prova em oitavo. A torcida que vibrou na véspera com a pole era a mesma que teve bom senso suficiente para gritar seu nome no final. O retrato do Brasil se fez ali, confirmando a teoria do "Homem Cordial", de Sergio Buarque de Hollanda.
Curioso que no mesmo dia em que o humilde e calejado Barichello fez a pole position, o Rio de Janeiro estava em guerra. Pela 1ª vez eu um helicóptero da polícia foi abatido pelos traficantes, tantas e tantas vezes vi apreenderem armas anti-aéreas, finalmente entendeu-se que elas podem alvejar algo mais aéreo que um caveirão. Batalha pesada, uma mochila inteira com cartuchos deflagrados foi recolhida no local, oito ônibus incendiados, mais de 15 mortos. Tudo isso 2 semanas após a cidade fazer aquele belo teatro ao ser anunciada sede das Olimpíadas de 2016. Mas se o entusiasmo da festa do sábado serviu para consolar a frustração de domingo em Interlagos, tenha certeza que a guerra desde sábado não há nem de ser lembrada daqui a 7 anos.
domingo, 18 de outubro de 2009
Rubinho é Brasil e eu sou Rubinho
No instante em que escrevo isso Rubinho tem a pole. Daqui a 10 minutos será dada a bandeirada. Ele está uma serenidade empolgante, meus olhos até marejaram, tamanho entusiasmo e placidez que o cara consegue ter segundos antes de entrar no carro. Assim que terminar a corrida, escreverei. Não sei se é por ser brasileiro, mas fui contagiado. Estou Rubinho demais às 13h55.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Nova seção: "Leitor da Casa do Chapéu"
Tem uma ferramenta bem interessante nesse contador aqui no cantinho direito: ele consegue mapear de onde estão entrando os (cinco) visitantes deste blog. Quase não sei qual a razão de a lista ser dominada por São Paulo/SP, mas vira e mexe aparecem lugares inusitadíssimos. E uma localidade que tem me chamado muito a anteção é Mountain View, Califórnia, com entradas recorrentes por aqui. Muito obrigado, mas não sei agradeço ou se lamento a sua 'perca' de tempo. Poxa, que honra ter gente lendo essas bobagens de tão longe.
Por isso, e por causa da minha frenética curiosidade eu queria inaugurar aqui uma seção neste instante batizada "Leitor da Casa do Chapéu" e nesse espaço eu gostaria de entrevistar um leitor X, sorteado a randomicamente, de acordo com a distância que está aqui desse escriba 171. Pode ser anonimamente, o objetivo é entender os anseios, as motivações, o sabor de chiclete preferido e os dissabores do leitor; e não saber quem é, o que faz ou quantos anos tem.
Caríssimo leitor de Mountain View, mesmo que sejas tímido, por favor me mande um email simplesmente se identificando e eu adoraria fazer-lhe perguntas sem propósito.
Caso o de Mountain View não entenda português, o de Anápolis, a de Londrina (ah, eu já sei quem é você! Mas dá uma bela entrevista) o de Little Rock, Arkansas, (Bill, is that you?), o de Montréal ou o de Dublin (Bono, again?) estão escalados desde já. Mandaí! Não fique tímido(a).
Yes this blog understands english but is lazy for translations.
Muito obrigado pela colaboração nesta ousada empreitada, que pode não dar em nada, pura e simplesmente.
felipemortara@gmail.com
Por isso, e por causa da minha frenética curiosidade eu queria inaugurar aqui uma seção neste instante batizada "Leitor da Casa do Chapéu" e nesse espaço eu gostaria de entrevistar um leitor X, sorteado a randomicamente, de acordo com a distância que está aqui desse escriba 171. Pode ser anonimamente, o objetivo é entender os anseios, as motivações, o sabor de chiclete preferido e os dissabores do leitor; e não saber quem é, o que faz ou quantos anos tem.
Caríssimo leitor de Mountain View, mesmo que sejas tímido, por favor me mande um email simplesmente se identificando e eu adoraria fazer-lhe perguntas sem propósito.
Caso o de Mountain View não entenda português, o de Anápolis, a de Londrina (ah, eu já sei quem é você! Mas dá uma bela entrevista) o de Little Rock, Arkansas, (Bill, is that you?), o de Montréal ou o de Dublin (Bono, again?) estão escalados desde já. Mandaí! Não fique tímido(a).
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Muito obrigado pela colaboração nesta ousada empreitada, que pode não dar em nada, pura e simplesmente.
felipemortara@gmail.com
Um menino chamado Adriano
Tinha os pés calejados, não usava sandália porque ao deixá-las na praia já tinha sido roubado certa vez, mesmo morando numa favelinha do Guarujá. Era igual, mas diferente. Viu vários amigos e colega perderem a guerra com o vício e o tráfico. Ouviu muita merda. Muito nego gorando, dizendo que não daria certo. Até que um cara chamado Álfio descobriu que se tratava de um diamante de 1,20m destruindo as marolas da Praia das Pitangueiras e que de uma lapidação poderia sugir algo precioso. Intuição de quem conhece.
Nessas, um cabra mais agilizado apelidado (injustamente?) Pinga assinou um contrato de patrocínio (quase) eterno com o garoto. Foi o mais jovem campeão do circuito de acesso ao WCT (elite mundial do surf) e até ontem ele era uma eterna promessa. Tive a chance de conviver um pouco com ele, conheço alguns defeitos, assim como um tanto de virtudes. Era o moleque que não tava na balada, que andava concentrado, com o iPod plugado na tecneira, que acordava antes que todo mundo, que assistia obsessivamente a vídeos de surf e que estudava movimentos. Médicos, fisiologistas, nutricionistas, preparadores, professor de inglês, tinha tudo isso à sua disposição. Foi sim um privilegiado de poder ter uma estrutura dessas, mas não foi o primeiro. Quem sabe tenha sido o primeiro que tenha sabido aproveitar.
Mas foi ontem que essa história começou a virar. O moleque cresceu, virou um pirulão, aprendeu muito. Nas águas geladas do País Basco, Adriano de Souza atropelou muita gente do quilate de Fred Patacchia, Taylor Knox e do Deus Robert Kelly Slater, na semi-final. Só isso já seria a glória, mas ele conseguiu ir além. E está em 3º no campeonato, não tão longe de Mick e Joel. Pode não ser esse ano que teremos o tão sonhado primeiro campeão brasileiro de surf, mas que tá mais perto do que nunca, isso tá.
Cada um assina como acha melhor
Quando assina uma obra, geralmente o artista dirige-se ao canto inferior direito e deixa ali alguma marca de identificação. Uma assinatura é o comum, mas pode ser um pequeno desenho, ou até impressão digital, enfãm, algo que faça com que aquela criação seja atribuída a ele. No já clássico Bastardos Inglórios, Quentin Tarantino resolveu assinar de outra forma (não, não é só com uma suástica) além dos jatos de sangue e do caráter humano até a última gota de crueldade (e por que não, pureza) de seus personagens. Através da voz de um personagem o filme se conclue, com Tarantino claramente assinando sua peça pelos dos lábios do ator (preciso mesmo falar quem?), que olha fundo para o espectador e afirma sem titubear:
- Acho que eu fiz a minha obra prima.
- Acho que eu fiz a minha obra prima.
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Improviso country
Na mesma semana em que o Rio foi anunciado sede das Olimpíadas de 2016, também vazou o conteúdo da principal prova de qualificação para entrada na faculdade. O ENEM ganharia esse ano a mesma importância que exames como o Baccalauréat, que em países de língua francesa garante o acesso do estudante à universidade por meio das notas. Estava começando no País a transformação em um processo único, uma via de acesso supostamente mais democrática ao ensino superior. Não questiono nem a qualidade do exame, pois acho a iniciativa em si pertinente.
O que mais me incomodou nessa história do vazamento do ENEM não foi o fato de a prova ter sido roubada, a possibilidade de resultados anteriores serem questionados e nem mesmo a sacanagem com quem passou o ano todo estudando focado nisso. A pior parte disso é perceber que não conseguimos praticar o mínimo de seriedade necessária para ter credibilidade nem no mundo, nem com nós mesmo. Quando a euforia passar e o enorme trabalho necessário surgir pela frente talvez a gente perceba que por mais animadora que seja a idéia de ter uma olimpíada aqui (eu acho que vai ser bom), não será um evento de 20 e poucos dias que vai resolver séculos de cultura de improviso, corrupção e individualismo em detrimento do coletivismo.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Teste de VT 2 - O Retorno
Mais uma vez fui tentar arrumar um troco extra como ator. (A primeira roubada você pode lembrar aqui) Pô, embolsar dois pau num dia pra mostrar a carinha num comercial, só diria não quem cobra cachê mais alto que isso.
Enfim, a novidade agora é que tinha texto. Oh yes, tive que fingir pra mim mesmo que sei decorar. E atuar. Nem meu CPF eu sei direito. Na real eram dois roteiros, sendo um exclusivo para quem falasse inglês. Bom, considerei que isso dobrava as minhas chances, então se não pegasse o papel em língua mãe, pelo menos no embromation teria chances.
Em um dos roteiros interpretava (será que eu sei fazer isso?!?!) um aspone, que, sentado ao lado de um colega trabalhão observava o colega mais agilizado que atendia (em inglês) um tal Mr. Jobs ao telefone. Nós ficávamos intrigados e eu fingia digitar no Google o que queria dizer "job" e a partir daí tínhamos que improvisar um bate papo bobo. Pra você rir: o tal Jobs ao telefone era supostamente Steve Jobs e a propaganda era de uma faculdade de TI que ensina ínglichi também.
Mas o teste naufragou mesmo quando me lancei no idioma de Susan Boyle. Sentia-me como um candidato de show de calouros ali diante de uma diretora assaz interessante, do câmera e de um faz tudo. Ela bem que tentou me incentivar, descontrair. Eu descontrairia fácil num bar tomando uma com ela, mas ali o nervosismo predominava. Parece que ficou óbvio. Até eu começar a rir.
Minha cena: o celular toca, eu atendo e é ninguém menos que Mr. Gates. Aham, Bill Gates. Pronto, sentiu o nível da faculdade que eu poderia anunciar? Rachei o bico no ato. Tentei de novo, não conseguia para de rir. Concentrei, mentalizei, e depois do terceiro "of course I have experiences on large and medium companies, blablabla..." eu me rendi, a barriga doendo. Nem a gatinha da diretora aguentou, gargalhando ela levantou e me deu algumas coisas:
- A notícia óbvia de que eu não ia fazer aquele papel nem a pau;
- A notícia mais que óbvia que eu não tinha o menor futuro nesses testes;
- A notícia nada óbvia de que eu era o cara mais bem humorado que tinha feito o teste;
- A notíca mais que inusitada improbabilíssima que as risadas que ela deu valeram por muitos castings;
- O telefone dela.
Enfim, a novidade agora é que tinha texto. Oh yes, tive que fingir pra mim mesmo que sei decorar. E atuar. Nem meu CPF eu sei direito. Na real eram dois roteiros, sendo um exclusivo para quem falasse inglês. Bom, considerei que isso dobrava as minhas chances, então se não pegasse o papel em língua mãe, pelo menos no embromation teria chances.
Em um dos roteiros interpretava (será que eu sei fazer isso?!?!) um aspone, que, sentado ao lado de um colega trabalhão observava o colega mais agilizado que atendia (em inglês) um tal Mr. Jobs ao telefone. Nós ficávamos intrigados e eu fingia digitar no Google o que queria dizer "job" e a partir daí tínhamos que improvisar um bate papo bobo. Pra você rir: o tal Jobs ao telefone era supostamente Steve Jobs e a propaganda era de uma faculdade de TI que ensina ínglichi também.
Mas o teste naufragou mesmo quando me lancei no idioma de Susan Boyle. Sentia-me como um candidato de show de calouros ali diante de uma diretora assaz interessante, do câmera e de um faz tudo. Ela bem que tentou me incentivar, descontrair. Eu descontrairia fácil num bar tomando uma com ela, mas ali o nervosismo predominava. Parece que ficou óbvio. Até eu começar a rir.
Minha cena: o celular toca, eu atendo e é ninguém menos que Mr. Gates. Aham, Bill Gates. Pronto, sentiu o nível da faculdade que eu poderia anunciar? Rachei o bico no ato. Tentei de novo, não conseguia para de rir. Concentrei, mentalizei, e depois do terceiro "of course I have experiences on large and medium companies, blablabla..." eu me rendi, a barriga doendo. Nem a gatinha da diretora aguentou, gargalhando ela levantou e me deu algumas coisas:
- A notícia óbvia de que eu não ia fazer aquele papel nem a pau;
- A notícia mais que óbvia que eu não tinha o menor futuro nesses testes;
- A notícia nada óbvia de que eu era o cara mais bem humorado que tinha feito o teste;
- A notíca mais que inusitada improbabilíssima que as risadas que ela deu valeram por muitos castings;
- O telefone dela.
domingo, 4 de outubro de 2009
Se essa rua fosse minha
Nesses 50 anos de carreira do Rei, eu, fã assumido, acabo de arrecadar hoje mais um argumento para que uma grande via seja batizada com seu nome. Andava de carro aqui pela ZL, perto de umas ocupações quando dei de cara com uma via que homenageava o rei do reggae. Na Rua Bob Marley me dei conta da imensa injustiça que se comete contra o nosso Rei.
Eu, que ainda quero batizar alguma via com o apelido de um fiel amigo, me rendi à militância antiga que existia dentro de mim de conseguir batizar antes uma via com o nome do filho pródigo de Cachoeiro de Itapemirim. São detalhes essas burocracias na câmara dos vereadores para que seja enfim reconhecida sua importância. Agora é proibido fumar em todo lugar, mas não é proibido pleitear essa justa homenagem, afinal Elvis, o rei deles, tem 10 ruas com seu nome em todo o Brasil e você, nosso legítimo monarca dos cabelos alisados muito antes de inventarem a escova definitiva, é honrado apenas por um beco em Rondônia! Contra essa injustiça e para provar como é grande meu amor por você, Rei, eu começo hoje minha campanha formal para te colocar grafado em branco no alto de algum poste, com o fundo azul marinho de que tanto gostas.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Rio 2016 - já falaram de tudo
Quem tem Twitter já leu de tudo sobre a indicação do Rio como sede das Olimpíadas de 2016. Pronto, todas as sacadinhas, piadinhas, jogos de palavra já foram gastos. Re-twittei alguns, mas não vou nem me dar ao trabalho de listar nada. Teremos 7 anos de piadinhas, trocadalhos de trem-bala com bala perdida, de salto com assalto, novas modalidades tipo arremesso de corpo do morro, etc... E outras sacadas do nivel "é ponto facultativo no Rio até 2016", "aulas de como evitar assaltos e arrastões para gringos" e até "10 passos para uma bala perdida não te encontrar". Só pra dar uma idéia, o maior trendig topic, que é uma espécie de termometro sobre os assuntos mais comentados pelo mundo todo no Twitter, era "Yes We Créu", troca-troca infame (eu achei divertido, sim!) de palavras com o slogan do Obama e o imortal funk-literário. Enfãm, preparem-se para anos de enxurrada de piadas e baboseiras a respeito.
Ah, lembrei que escrevi isso aqui há quase 2 anos, quando anunciaram o local da Copa 2014. Por falta de opinião concreta a respeito sobre o tema (e um pouco de preguiça, confesso) pego os meus lamentos de 2007 e requento. Bom final de semana a todos, porque eu, ao contrário dos cariocas, trabalharei no domingo.
Ah, lembrei que escrevi isso aqui há quase 2 anos, quando anunciaram o local da Copa 2014. Por falta de opinião concreta a respeito sobre o tema (e um pouco de preguiça, confesso) pego os meus lamentos de 2007 e requento. Bom final de semana a todos, porque eu, ao contrário dos cariocas, trabalharei no domingo.
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